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?Tendência é desemprego em 2009?, diz Bauer

Economista afirma que exportadores serão os primeiros atingidos pela crise, mas consumidor comum também precisa de freios

Edinei Wassoaski CANOINHAS Economista e professor de vários cursos da UnC Canoinhas, Roberto Tadeu Bauer faz uma análise enfática do atual momento. ?Vale a pena esperar mais um pouco, para analisar os efeitos da crise, antes de investir?, aconselha na entrevista a seguir, na qual analisa a crise mundial e aponta os impactos na região. Acompanhe. Quem mais vai sofrer com a crise? Primeiramente, as empresas exportadoras. Praticamente 50% das nossas exportações têm financiamento internacional, que é muito mais atrativo para as empresas. A maioria destes recursos sumiu com a crise, que tornou o dinheiro muito mais caro, por meio do aumento das taxas de juros. Num segundo momento, todas as empresas vão sofrer, porque vão começar a vender menos produtos. A tendência é de desemprego para o ano que vem. As empresas vão comprar menos, produzir menos e, conseqüentemente, vão dispensar mão-de-obra. Que outros setores sentirão com mais peso os efeitos da crise? A maioria das empresas que planejavam investimentos terá de rever seus planos ou adia-los. Primeiro porque haverá redução no consumo da maioria dos países e quando não houver redução no consumo, haverá redução no preço. E o comércio? Quando sentirá a crise? Ano que vem, considerando que no final do ano tem férias, 13.° salário. Mas no primeiro semestre de 2009, a tendência é de queda no consumo. Podemos prever uma nova crise no campo atingindo diretamente os preços nos supermercados? O Brasil é auto-suficiente em alimentos, tanto que exporta. O problema está no atraso da liberação dos recursos financeiros, o que está fazendo com que muitos agricultores atrasem o plantio, conseqüentemente pode haver uma redução na área plantada, o que pode causar aumento de preços. Os supermercados, com certeza, vão repassar estes aumentos para o consumidor. O impacto maior, no entanto, será sentido em 2009. A Aurora diz que ?não adianta o Governo dizer que há dinheiro liberado, quando na realidade o dinheiro não chega às empresas?. Os bancos dizem que não limitaram o crédito. São duas declarações confusas. Entre o Governo liberar o dinheiro e este dinheiro chegar às empresas, passa por um longo caminho. Hoje, os bancos estão sendo muito criteriosos ao liberar dinheiro. Não adianta uma empresa querer apenas financiamento, ela precisa comprovar a capacidade de pagamento. Os bancos estão muito mais criteriosos. A própria Aurora admite não ter previsão de mercado para consumir a produção que seria empreendida em Canoinhas. A Aurora previa exportar quase toda a produção de Canoinhas, para os Estados Unidos, Europa e Ásia. Como toda esta área está em recessão, a tendência é de não comprar o que fosse produzido aqui. A questão é esperar acalmar o mercado financeiro, o que deve levar de seis meses a um ano e a partir do momento em que acalmar o mercado, retomar os investimentos. A eleição do novo presidente americano pode acalmar o mercado? Esta é uma crise de confiança no mercado financeiro que está se refletindo agora no mercado real. Muitos têm dinheiro para investir, mas estão com medo. A eleição do (Barack) Obama representa novas políticas internacionais, o que significa corte de investimentos na área bélica e mais prioridade ao desenvolvimento dos EUA. Se o (John) McCain ganhar, a tendência é de manutenção da política de (George) Bush. O que o investidor quer, a filosofia Obama ou McCain? A tendência do mercado é por Obama. A superinflação dos imóveis em Canoinhas, motivada pela vinda da Aurora, deve desinflar com o adiamento dos planos da empresa? Sim, com certeza os preços dos imóveis devem sofrer queda. O que manda é a lei da oferta e da procura. Houve muita especulação neste setor, muitos se anteciparam à vinda da empresa e agora terão de rever preços. O fato de o Governo brasileiro ter liberado os bancos públicos a comprar ações dos bancos privados não é um sinal de desespero? O objetivo é prevenir, evitar o alastramento da crise com a quebra de um banco. É sinal de que a crise é grave. O Governo não pode bobear, senão a crise entra nos bancos. Qual conselho o senhor dá ao consumidor comum que pensa em trocar de carro ou investir em casa? O conselho para quem quer fazer um investimento a médio ou longo prazo é ter cautela. Analise bem a situação financeira e o seu emprego. Se tiver uma garantia de emprego a médio ou longo prazo, analise a taxa de juros, porque ela subiu, veja se vale a pena investir agora ou se dá pra esperar mais um pouco, para analisar os efeitos da crise, se ela vai mais longe ou se já chegou a fundo do poço.
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