Responsabilidade, imparcialidade e integração são características presentes na Rádio Nacional de Brasília desde a sua inauguração, em 1958. A rádio, que teve sua estreia 2 anos antes da fundação da cidade, teve um papel fundamental ao levar informação e entretenimento à população. 

Neste sábado (31), a Rádio Nacional de Brasília comemora 67 anos de uma história que faz parte da própria fundação da capital federal. Desde sua estreia, com o discurso do então presidente Juscelino Kubitschek, a emissora foi estabelecida como um marco na comunicação pública brasileira.

Na época, Kubitschek ressaltou o papel da emissora como elo de união nacional, que seria responsável por conectar o território brasileiro. 

"Das vertentes amazônicas às coxilhas gaúchas, e dos contrafortes andinos ao litoral atlântico, Brasília fará ouvir a sua voz, a partir deste momento, graças aos possantes transmissores da Rádio Nacional, que ora inauguramos”, afirmou o então presidente da República.

“A Rádio Nacional de Brasília, ora inaugurada, terá a responsabilidade de atuar como traço de união entre o Brasil atual e o Brasil do futuro, criando condições propícias para a convivência e para o intercâmbio cultural das nossas comunidades regionais", ressaltou Juscelino Kubitschek em seu discurso.

Fátima Santos, editora e apresentadora do programa Tarde Nacional, há 10 anos na Rádio Nacional de Brasília, comenta o papel do rádio na integração dos trabalhadores que construíram a capital do país. 

“Eu acho que foi super importante a decisão de trazer a Rádio Nacional para Brasília antes da inauguração, porque todos os milhares de candangos que estavam vindo para cá, de todos os cantos do país, não tinham nenhuma comunicação, nenhum meio de informação, ficavam muito isolados. Deixavam as famílias lá nas suas cidades de origem, no Nordeste, no Norte, no Rio de Janeiro, muita gente vindo para cá. E trazer a Rádio Nacional foi perfeito para eles terem tanto o momento de lazer, quanto notícias do que estava acontecendo no mundo”. 

Ela lembra que muitos artistas começaram a passar pela rádio em Brasília.

“Como era o plano do presidente [Juscelino Kubitschek] Brasília fazer a integração do país, eu acho que a Rádio Nacional já chegou aqui em 1958 fazendo esse trabalho de integrar os candangos que vieram construir a nova capital com o resto do país”, avalia.

Para Fátima, o papel da rádio vai além de entreter a população, sendo uma ferramenta da comunicação pública. 

“A Rádio Nacional, como toda a EBC, trouxe um diferencial para a comunicação pública, porque agora o ouvinte, todas as pessoas, sabem que estamos aqui para trazer a informação isenta, sem nenhum recorte político, sem nenhum outro tipo de recorte, que não seja um dos fatos reais que estão acontecendo, do jeito que estão acontecendo. Essa é a nossa responsabilidade, a obrigação da comunicação pública”. 

Carlos Sena, gerente da Rádio Nacional, também destaca a rádio como meio de contato com as famílias nesse período de difícil comunicação. 

“A inauguração da Rádio Nacional aqui em Brasília foi estratégica, porque foi instalada em AM e em ondas curtas, que têm um alcance muito grande. As pessoas que vinham trabalhar na construção de Brasília podiam mandar recados para as famílias pela rádio”, lembra.

Para Carlos Sena, a Rádio Nacional também exerce um papel informativo fundamental para a comunicação pública. 

“É essencial. Esse é um papel que a Rádio Nacional sempre exerceu. É uma missão. Uma programação diferenciada de rádios comerciais. Uma informação sempre precisa, checada e, principalmente, como prestação de serviços, em todos os sentidos, desde orientação sobre saúde, educação e, principalmente, questões ligadas à promoção da cidadania”. 

A Rádio Nacional de Brasília inicialmente foi instalada em um galpão na Asa Sul, logo se tornou um importante palco cultural. O auditório da emissora recebeu grandes nomes da MPB e talentos regionais e locais, como a cantora Inezita Barroso, que se apresentou em 21 de abril de 1959. Em 1960, a sede foi transferida para a Quadra 701 Sul, no Setor de Rádio e Televisão Sul, formando uma rede com a Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Alcance nacional

A década de 1970 marcou um novo capítulo para a Rádio Nacional de Brasília, com sua incorporação à recém-criada Empresa Brasileira de Comunicação (Radiobrás). Essa integração ampliou sua capacidade de transmissão e diversificou sua programação, que passou a incluir serviços ao cidadão, noticiários e uma variedade de programas musicais.

Entretenimento, Informação e Cidadania

Nas décadas de 70 e 80, a Rádio Nacional de Brasília equilibrou o entretenimento e a informação. De um lado, concursos e shows, incluindo os de aniversário da emissora, como a comemoração de seus 41 anos em 1999, e as edições do Piscina Show agitavam os ouvintes. Do outro, programas icônicos como o Viva Maria e a Revista Brasil ofereciam conteúdo de utilidade pública e jornalismo de qualidade.

Em 1998, a emissora deixou o barracão da W3 Sul e se mudou para uma estrutura mais moderna na Asa Norte. Ao longo dos anos, e com as reformulações da Radiobrás, a Nacional de Brasília se adaptou, alterando sua grade, conteúdo e a postura de seus profissionais, como destacado no livro É bom viver Nacional.

Desde 2007, a Rádio Nacional de Brasília faz parte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), mantendo seu propósito original. A emissora continua a ser um veículo essencial para levar informação e utilidade pública aos cidadãos, além de oferecer conteúdo educativo, cultural e uma programação musical que celebra a diversidade e a pluralidade.

* Estagiária sob supervisão de Marcelo Brandão

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