A mãe retratada no filme busca, principalmente, manter-se viva, ressalta a diretora. Mas em um processo de intensas e duras descobertas, ela também vai se conhecendo e se entendendo como mãe e mulher. Eu acho que a grande decisão da personagem - e por isso o filme se chama A Melhor Mãe do Mundo - é proteger a prole. Há um entendimento de que, se ela continuar sofrendo abuso, a filha também vai sofrer abuso e se vai continuar uma maldição.
Buscando poupar os filhos e acabar com esse ciclo de violência, Gal finge que dormir nas ruas de São Paulo é uma brincadeira de acampar. A mãe sempre quis levar vocês para fazer uma coisa grandiosa, uma grande aventura. Chegou a hora, diz a personagem, em uma das cenas do filme.
E assim como em um road movie, em que os personagens viajam e se transformam, A Melhor Mãe do Mundo é também como uma grande metáfora do fazer cinematográfico. Será cada dia em um lugar, fazendo coisas diferentes. Aventura, mistério, ação. Coisa de cinema, diz a personagem retratada por Shirley Cruz.
Expectativa
Depois de passar por diversos festivais pelo mundo todo, a diretora espera que agora, no Brasil, o filme continue emocionando as pessoas e gerando reflexões.
Minha expectativa é de que o filme seja visto, seja discutido, emocione as pessoas e que gere compaixão por tudo o que a Gal representa: a catadora, a mulher solteira, a mulher que sofre violência e a mulher preta. E que o público dê um tratamento afetuoso e de vitória para ela.
Expectativa que também é compartilhada pela atriz do filme. Espero ver os cinemas lotados porque a magia só acontece quando as pessoas estão sentadas de frente para a tela e, a partir daí, vem a transformação social.Este filme é uma contribuição efetiva não só para refletir sobre os muitos temas que ele trata, mas para nos convocar a agir. Porque, afinal, como sociedade, estamos ruindo, diz Shirley.
A Melhor Mãe do Mundo será exibido no dia 31 de julho, no Centro de Convenções de Bonito, dentro da programação do Cinesur, que tem início na noite desta sexta-feira (25) com a exibição do filme paraguaio As Herdeiras, dirigido por Marcelo Martinesse.
Na edição deste ano, o festival reúne 63 filmes de nove países da América do Sul, consolidando o evento como espaço de encontro entre culturas e linguagens desse imenso território. É preciso conhecer a riqueza da produção audiovisual da América do Sul e criar condições para que haja circulação das produções entre os países do continente. Há um grande mercado a ser explorado, são muitos países, muita gente e um grande potencial econômico, afirmou Nilson Rodrigues, criador e diretor do festival,
Além das exibições de curtas e longas, o festival também promove oficinas de formação, seminários e debates. Todas as atividades promovidas pelo CineSur são gratuitas.
Mais informações sobre o festival, que será realizado de 25 de julho a 2 de agosto no Centro de Convenções de Bonito, podem ser obtidas no site do evento.
* A repórter viajou a convite do Festival de Cinema Sul Americano Bonito Cinesur 2025