O compromisso das pessoas, empresas e governos no enfrentamento às mudanças climáticas voltou a ser debatido no 2º Balanço Ético Global (BEG), realizado com pessoas da América do Sul, Central e Caribe, em Bogotá, na Colômbia.

Conduzida pela ex-presidente da República do Chile, Michelle Bachelet, com a participação de 30 lideranças de diferentes setores e realidades diversas, a atividade trouxe reflexões sobre o que é necessário avançar e o que não pode mais continuar para que o planeta não ultrapasse 1.5C acima da temperatura do período pré-industrial.

Segundo a colíder do BEG, Michelle Bachelet, o trabalho foi enriquecedor para orientar tomadores de decisões sobre as ações climáticas. Para a ex-presidente chilena não se pode continuar falando apenas de componentes econômicos, financeiros, técnicos e científicos.

São temas indispensáveis, mas não suficientes. É importante mostrar e entender porque os componentes éticos são tão fundamentais. Porque afetam sempre os mais pobres, os mais vulneráveis de toda a sociedade, que são, além disso, os que menos contribuíram com a situação climática que temos hoje, diz.   

O diálogo da América do Sul, Central e Caribe é o segundo de seis que ocorrerão em cada um dos continentes e é um dos quatro círculos de mobilização social para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

O primeiro diálogo foi realizado na Europa, em Londres, com a coliderança da ex-presidente da Irlanda e referência na luta por justiça climática, Mary Robinson.

Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, serão feitos relatórios parciais em cada continente, que serão integrados ao relatório síntese a ser apresentado na Pré-COP, no mês de outubro, em Brasília.

Nós já estamos com um material bastante rico, que será apresentado em diferentes linguagens, na forma de um relatório, mas também na linguagem do cinema, das artes plásticas, de diferentes formas, afirma.


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Combustível fóssil

A ministra acrescenta que esse material deve orientar implementação do que já foi pactuado nos Emirados Árabes Unidos, na COP20, quando os países decidiram triplicar as energias renováveis, duplicar sua eficiência, acabar com o desmatamento e fazer a transição para o fim do uso dos combustíveis fósseis e do desmatamento.

Segundo Marina, agora é necessário construir um mapa para essas transições de forma justa e planejada, de forma que a linha de chegada seja zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2050.

Dois países na América Latina têm uma posição bastante significativa. O Brasil já tem uma posição de zerar o desmatamento em 2030, e a Colômbia, uma posição de não fazer exploração de combustível fóssil, acrescenta.

Segundo Marina, já está claro que hoje o Brasil não tem capacidade para gerar energia ao ponto de abandonar definitivamente os combustíveis fósseis, mas é preciso fazer investimentos para intensificar a transição energética. Por isso que estamos investindo cada vez mais nos biocombustíveis e também em hidrogênio verde e nos colocando como um endereço para os investimentos , diz.

Fundo para Florestas

A ministra diz que para as transições necessárias ocorram é preciso olhar tanto para países produtores quanto para os países consumidores, com os países desenvolvidos liderando essa corrida e países em desenvolvimento, seguindo do mesmo jeito.

Dessa forma, cada país deve fazer o seu planejamento. Países que têm dificuldade em diversificar suas matrizes energéticas devem investir em países com essa capacidade, assim como países que mais contribuíram para as mudanças climáticas devem investir onde ainda há capacidade de salvar recursos capazes de enfrentar o problema global.

Por isso estamos criando o Fundo Global Floresta Tropical para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) para ajudar que outros países também façam suas transições para o fim do desmatamento.

 

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