Livro lançado na Flipelô apresenta cartas trocadas entre escritores
Por Elaine Patricia Cruz Repórter da Agência Brasil
Livro lançado na Flipelô apresenta cartas trocadas entre escritoresAgência Brasil
Responder uma carta é um gesto de amizade, era o que dizia o escritor baiano Jorge Amado à filha, também escritora, Paloma Jorge Amado. E como era amigo de muitas pessoas, Jorge Amado nunca deixou de responder a uma carta e nem de guardar as milhares de correspondências que recebeu durante sua vida.
Todo o acervo de cartas está sob a guarda da Fundação Casa de Jorge Amado, em Salvador. É um material vastíssimo, de quantidade total ainda desconhecida. São caixas e caixas de correspondências que o famoso escritor baiano trocou com escritores, políticos, artistas e com Zélia Gattai, com quem foi casado. Até bilhetes eram guardados por ele, que sabia do valor que o material carregava. Inclusive, em muitas das cartas há a inscrição para guardar, escrita pelo próprio Jorge Amado, como orientação para ser armazenada em acervo.
Jorge Amado tinha uma preocupação extraordinária em guardar. Tanto que muitas cartas trazem escrito, logo acima, as palavras guardar ou arquivar. Ele tinha cuidado com o acervo, que passou para a fundação. A gente trabalha nele há muitos anos. E é um acervo delicado, porque há coisas que não podem ser abertas, por serem [muito] pessoais, explicou Bete Capinan, coordenadora editorial da fundação.
É uma correspondência imensa e até hoje a gente não conseguiu chegar ao fim.
Parte do material já foi transformado em livro, como as cartas trocadas entre ele e o escritor português José Saramago e com o cineasta Glauber Rocha. Mas, agora, a Fundação Casa de Jorge Amado resolveu se debruçar ainda mais sobre o material, e criar uma coleção de livros que serão publicados pela Casa de Palavras, braço editorial da fundação.
Festa Literária Internacional do Pelourinho - Flipelô, que homenageia Dias Gomes.. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O primeiro livro da coleção foi lançado na noite de ontem (7), no Palacete Tira-Chapéu, durante a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador. Com o título de Cartas: Dias Gomes Jorge Amado, o primeiro livro apresenta cartas que foram trocadas entre Jorge Amado e o autor de telenovelas e escritor também baiano Dias Gomes, que é o homenageado desta edição da famosa festa literária.
Esse é o livro que dá início à Coleção Um Gesto de Amizade. A gente pretende publicar outros, disse Angela Fraga, presidente da Fundação Casa de Jorge Amado, instituição responsável pela realização da Flipelô.
Segundo Ângela, o livro de Dias e Jorge apresenta uma correspondência muito leve, porque é uma correspondência realmente entre amigos. "Numa época em que não existia e-mail e em que até o telefone era difícil, eles realmente se correspondiam muito, disse.
A seleção, organização e notas sobre as cartas foram realizadas por Bete Capinan, coordenadora editorial, e Paloma Jorge Amado, membro do Conselho da Fundação Casa de Jorge Amado.
Segundo Paloma, os próximos livros a serem publicados, desta coleção, são as correspondências trocadas entre seu pai e os escritores Érico Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade e João Ubaldo Ribeiro. O livro com João Ubaldo pode ter cerca de 400 páginas, de tanto material que conseguiram reunir, informou.