Catedral de 1540 recebe Edu Lobo na volta do MIMO Festival a Olinda

Por Vinicius Lisboa - repórter da Agência Brasil*

Catedral de 1540 recebe Edu Lobo na volta do MIMO Festival a Olinda

A imagem de São Salvador do Mundo, padroeiro de Olinda, assistiu de camarote na noite de sexta-feira (12) a um concerto do cantor e compositor Edu Lobo, que lotou a nave central da Catedral da Sé da cidade pernambucana e levou mais uma multidão ao telão montado do lado de fora da igreja quinhentista, na colina com vista privilegiada para o Recife. A apresentação marcou a abertura do MIMO Festival, que retornou para a cidade em que nasceu como Mostra Internacional de Música de Olinda, após sete anos de temporadas em outras partes do Brasil e na Europa.

Nos bancos de madeira da Catedral erguida em 1540, o público compartilhou por meio das letras, arranjos e voz de Edu Lobo, de 82 anos, uma jornada por seus mais de 60 anos de música brasileira. O repertório teve a energia de interpretações como Ponteio, canção vencedora do Festival de Música Popular Brasileira de 1967 e que, em 2025, pôs o público de pé a cantar e bater palmas fervorosamente para o refrão quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar.

Nascido no Rio de Janeiro, Edu Lobo celebrou que Pernambuco é sua referência e seu sangue, tanto de mãe quanto de pai. Nem todo mundo tem essa sorte, brincou, em um show cheio de momentos bem humorados e confissões, como a história que conta sobre sua parceria póstuma com Vinicius de Morais, ao musicar, na faixa Silêncio, um poema de 1957 encontrado pela filha do compositor. Mudei apenas um verbo.

Em canções românticas como Canto Triste e Beatriz, o público ovacionou interpretações emocionadas de Edu Lobo, que teve direção musical e o piano sob o comando de Cristóvão Barros, além de Jurim Moreira, na bateria, Jorge Hélder, no baixo, e Mauro Senise, nos instrumentos de sopro.

Entre os grandes momentos testemunhados pela Catedral da Sé de São Salvador do Mundo também esteve a interpretação de O Trenzinho Caipira, em que a voz de Edu Lobo adiciona mais uma camada de emoção à letra do Poema Sujo, de Ferreira Gullar, e ao consagrado balanço do trem composto por Heitor Villa-Lobos na peça Bachianas Brasileiras nº2 .
 

Costurar o repertório da música brasileira com o patrimônio histórico faz parte da proposta do Mimo Festival desde sua primeira edição. Em sua última passagem por Olinda, Hermeto Pascoal foi um dos nomes que conduziu a celebração à cultura brasileira na catedral, que não é o único espaço histórico a receber as atrações do festival, em que o público é convidado a transitar pelas ladeiras centenárias da cidade.

O Convento de São Francisco sedia o Fórum de Ideias, com rodas de conversa entre o público e artistas do festival; o Pátio da Igreja da Santa Sé terá parte da programação de cinema do MIMO; e entre os casarões da Praça do Carmo está o palco principal, com a icônica Igreja do Carmo ao fundo.

A idealizadora é diretora artística do festival, Lu Araújo, exalta que o patrimônio histórico da cidade não é apenas o cenário do festival, mas também o festival em si.

O MIMO é um festival diferente, ele não ocupa um território, ele integra toda a cidade por onde passa, os cenários também fazem parte da programação do MIMO. Então, é sempre lindo, porque é uma cidade belíssima, com patrimônio fenomenal, tombado como patrimônio da humanidade, isso tem toda uma grande importância.