Itaipu triplica diversidade florestal nos arredores do reservatório
Além dos procedimentos operacionais e atualização tecnológica para seguir como uma das principais geradoras de energia limpa do país, a usina hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, mantém uma atividade para garantir a produção de eletricidade pelas próximas décadas: a proteção ambiental.
Na última quinta-feira (18), a hidrelétrica divulgou o resultado de um inventário inédito referente à área de preservação nos arredores do reservatório de Itaipu, localizado na fronteira entre Brasil e Paraguai. O estudo revelou que, em 40 anos, praticamente triplicou a diversidade na faixa preservada.
A pesquisa, realizada entre março e setembro de 2024, identificou 397 espécies de árvores e arbustos, quase três vezes mais que as 139 espécies plantadas originalmente.
Esses dados representam que, o que antes era um cinturão isolado de plantios se transformou em uma floresta com 1,3 mil quilômetros de extensão e 30 mil hectares quase a área de Belo Horizonte (33,1 mil hectares). São 55 mil registros de plantas, de acordo com o levantamento.
O inventário é um convênio entre a usina e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária.
A área vegetal coleciona árvores como angico-vermelho (Parapiptadenia rigida), uma espécie nativa essencial pela quantidade e frequência das ocorrências; ipês de todas as espécies; peroba; jequitibá; e frutíferas de várias famílias, como araticum, jabuticaba, pitanga e gabiroba.
Proteção do reservatório
Itaipu Binacional é uma empresa gerida conjuntamente por Brasil e Paraguai. O diretor-geral brasileiro, Enio Verri, explica que a conservação ambiental é um investimento para garantir a geração de energia elétrica por décadas e mais décadas.
O investimento em ações como essas, além de tantas outras que protegem nosso lago, ajuda a enfrentar as mudanças climáticas e garantem a disponibilidade de nossa matéria-prima, a água, para que continuemos gerando energia por mais de 190 anos adiante.
É no Lago de Itaipu, formado no Rio Paraná, onde está a reserva de água que aciona as turbinas geradoras da hidrelétrica.
Em entrevista à Agência Brasil, o gestor do convênio e técnico da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu, Luis Cesar Rodrigues da Silva, apontou que é amplamente conhecido na literatura e cientificamente comprovado que uma vegetação saudável no entorno de cursos d'água e reservatórios tem função crucial para a produção de água e sua qualidade.
De acordo com Luis Cesar, isso acontece por dois fatores: em um primeiro momento, a vegetação funciona como uma barreira protetiva, evitando que detritos e uma carga grande de sedimentos chegue no reservatório; em um segundo passo, a vegetação contribui para estabilizar o solo no entorno do reservatório, impedindo efeitos de erosão.
A erosão é um contribuinte forte para diminuir a vida útil do reservatório. Quanto mais sedimento, quanto mais erosão vai para um reservatório, menos tempo de vida a estrutura tem, detalha.
Papel ecológico
O engenheiro florestal acrescenta que a preservação e a diversidade ambiental têm também um papel ecológico. Serve de abrigo para uma série de espécies de vegetais e animais, principalmente os insetos, que são polinizadores importantes de culturas agrícolas, cita.
Ele contextualiza que a faixa de proteção do reservatório é um corredor de biodiversidade, pois está situada entre duas importantes unidades de conservação.
Ao sul, tem o Parque Nacional do Iguaçu, com toda a sua pujança e fama internacional, e, ao norte, o Parque Nacional de Ilha Grande [na divisa do Paraná e Mato Grosso do Sul], em uma posição estratégica na transição entre Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal.