As obras de Ailton ficam disponíveis para serem folheadas. Poeta e escritor, ele também está presente na literatura infantil, com o livro Kuján e os meninos sabidos, que conta a história da reunião entre o criador, vindo à Terra na forma de um tamanduá, e suas criaturas humanas.
Uma das fotos eterniza instantes compartilhados por ele e Ní Krenak, sua companheira no dia a dia e na resistência. Outra, momento de fortalecimento de conexões entre suas filhas Maíra Pappiani Lacerda e Inimá Pappiani Lacerda, ele e o líder yanomami Davi Kopenawa, em 1987. Muito antes do processo de desintrusão na Terra Indígena Yanomami, já nutria, em 1995, seu Intercâmbio com a população yanomami que vive na porção que fica em Roraima.
Os visitantes também poderão ter contato com as obras de artes visuais de Ailton. Uma das pinturas, de 1998, foi criada para ser reproduzida como capa do livro Vozes da Floresta, que fala do sindicalista e seringueiro Chico Mendes.
Ailton também ilustrou o livro Firmando o pé no território: temática indígena em escolas, além de escrevê-lo.
"O povo originário do estado de Minas Gerais é conhecido por muitos como hostil, bravo, bárbaro. Como todos os outros povos indígenas, passamos pelas chamadas 'guerras justas' - nome dado ao processo violento de domínio e invasão dos nossos territórios. Não há outra palavra: invasão", diz Lidiane Damaceno Krenak no folder de divulgação da mostra.
Sobre um dos seus makiãm, termo que remete a liderança, ela ainda afirma: "Nosso parente teve uma caminhada difícil, longe de sua terra. Aprendeu com os não indígenas, filtrou tudo com sua alma de guerreiro e transformou essa vivência em uma forma de luta, por seu povo e por muitos outros que, ao longo do processo de colonização, foram quase extintos no corpo e na memória."
Lidiane ainda lembra das inúmeras batalhas enfrentadas por Krenak ao longo de sua militância.
"Dormiu em bancos de praça, comeu pão duro e marmitas frias com outros guerreiros e, ao lado deles, lutou pela demarcação do nosso território, para que nossos direitos fossem garantidos e respeitados. Nunca esqueceu suas origens. Desde pequeno, mesmo vivendo em outra terra, jamais deixou de buscar suas raízes", afirma ela.
"Uma história dolorida, da qual tirou forças para retornar e lutar pelo chão que hoje pisa. Com o coração partido, ainda caminha até a beira do velho Watu [nome dado pelos krenak ao Rio Doce] para conversar com ele, ouvir no silêncio da alma as respostas que aliviam os males da vida e pedir direção para não errar no caminhar."
A Ocupação Krenak segue até o dia 23 de novembro no Itaú Cultural em São Paulo, com entrada gratuita.
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