Durante a "barqueata" que integra a programação da Cúpula dos Povos, evento paralelo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o cacique Raoni Metuktire voltou a defender a preservação da Amazônia e criticou projetos de exploração de petróleo e mineração em terras indígenas.

O líder indígena afirmou ter tratado do tema recentemente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o francês Emmanuel Macron, pedindo que ambos não autorizem perfurações na floresta.

Eu falei com o presidente Lula para ele não procurar petróleo aqui. Vou continuar cobrando. Penso em marcar um novo encontro com ele para falar sobre isso. Temos que ser respeitados, afirmou Raoni.

No fim de outubro, a Petrobras obteve a licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar operação de pesquisa exploratória na Margem Equatorial. A região, localizada no norte do país, é apontada como novo pré-sal devido ao seu potencial petrolífero. A exploração é criticada por ambientalistas, preocupados com possíveis impactos ao meio ambiente. O governo argumenta que a licença foi técnica e rigorosa.

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Raoni é um líder da etnia Caiapó, do Mato Grosso, reconhecido mundialmente por sua luta pela preservação da Amazônia e pelos direitos dos povos indígenas. Ativista ambiental, o cacique é um símbolo da resistência indígena, com uma longa trajetória de atuação desde os anos 1950. No fim da década de 80, participou da Constituinte e fez diversas viagens internacionais em defesa dos povos indígenas, incluindo uma turnê com o cantor Sting, que passou por 17 países. Em 2023, Raoni subiu a rampa do Palácio do Planalto na posse do presidente Lula, ao lado de outros representantes de movimentos sociais. 

Quando encontro autoridades lá fora do país, nenhuma me oferece dinheiro em troca de madeiras no meu território, nenhum me oferece dinheiro em troca de minérios no meu território. Mas eu os cobro diretamente. Ninguém deve comprar nossas terras ou nossas madeiras. Preciso falar para que nosso território seja preservado e respeitado para a gente viver bem nas nossas terras, complementou.

Ao ser questionado sobre o papel do Brasil diante da crise climática, Raoni disse que o país tem responsabilidade global e que a Amazônia é essencial para o mundo. Ele pediu para que todos os povos e as nações ajam com consciência e respeito à floresta.

Precisamos cuidar do planeta. Se continuar o desmatamento, nossos filhos e netos vão ter problemas sérios. O nosso território garante a respiração do mundo inteiro, disse Raoni.

Ele pontua que discute a questão da preservação desde que era jovem e "tinha muita força". A data de nascimento de Raoni não é precisa, mas estima-se que ele tenha por volta de 90 anos. 

Há muito tempo eu já venho falando para a gente não ter esses problemas ruins. Vocês estão vendo agora muito rio secando por causa do desmatamento. Se continuarem nesse ritmo de desmatar, desmatar e cada vez mais desmatar, muita coisa ruim vai acontecer.

O cacique destacou ainda a importância da participação das mulheres indígenas nas mobilizações e o papel coletivo das novas gerações na defesa do território. Elas estão tendo opinião, estão com vontade de participar. Eu apoio e gosto das mulheres que estão junto com a gente nessas mobilizações, disse Raoni.

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