Encontro de Nei Lopes e Luiz Antonio Simas exalta identidade negra
Os autores e compositores Nei Lopes e Luiz Antonio Simas têm um encontro marcado às 17h30 desta quarta-feira (12). Os dois participam do clube de leitura no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, para falar de seus livros Bantos, malês e identidade negra (Autêntica, 4ª edição 2021), de Lopes, e O Corpo Encantado das Ruas (Civilização Brasileira, 2019), de Simas.
Os livros foram escolhidos pelo público que participa do clube de leitura, e o debate ocorre oito dias antes do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
Desde sua primeira edição (1987), Bantos, malês e identidade negra procura mostrar dois aspectos do preconceito antinegro embutido na historiografia brasileira anterior à década de 1970, explica Nei Lopes, na apresentação do livro, se referindo à exaltação dos negros malês em detrimento aos bantos.
A valorização dos malês escravizados oriundos do litoral dos atuais Benim, Nigéria e Togo se dava por serem letrados, pela formação religiosa mulçumana e, especialmente, pelo protagonismo no levante ocorrido em janeiro de 1835 em Salvador, conhecido como a Revolta dos Malês.
Essa visão, quando usada em detrimento aos bantos, produz distorções históricas e apresenta os escravizados bantos, de origem na África Subsaariana, em especial do Congo e Angola, como intelectualmente inferiores.
O erro historiográfico foi percebido por Nei Lopes nas ruas, mais exatamente nos carnavais, que faziam a apoteose dos malês, conta em entrevista à Agência Brasil.
Quando eu vi isso, disse espera aí. Isso não pode ser assim. O samba não é malê. A música popular brasileira não é malê.
Bantos, malês e identidade negra desfaz essa falsa ideia. O escravismo brasileiro foi eminentemente banto, como prova afro-originada principalmente na música, nas danças dramáticas, na linguagem, na farmacologia, nas técnicas de trabalho e até mesmo nas estratégias de resistência aqui desenvolvidas, esclarece Nei Lopes no prefácio do livro.
Nas ruas do Rio
Os povos bantos foram o grupo étnico majoritário levado ao Rio de Janeiro pelos escravizadores. A presença negra é facilmente notada nas ruas da antiga capital da colônia e do império. Eu diria que a maneira como a rua é vivenciada no Rio de Janeiro é absolutamente tributária desse Rio negro, afirma Luiz Antonio Simas, autor de O corpo encantado das ruas.
Segundo ele, é nas ruas que se constrói uma certa perspectiva sobre a cultura carioca, e essa maneira de ser é profundamente marcada pela africanidade.
