Mostra exibe Brasil de Debret e releitura de artistas contemporâneos

Por Camila Boehm - Repórter da Agência Brasil

Mostra exibe Brasil de Debret e releitura de artistas contemporâneos

A exposição Debret em questão - olhares contemporâneos, aberta ao público nesta terça-feira (25), no Museu do Ipiranga, em São Paulo, apresenta um diálogo entre um conjunto de obras do Brasil Império, do artista francês Jean-Baptiste Debret, e sua releitura por parte de 20 artistas contemporâneos, com obras inéditas de Rosana Paulino e Jaime Lauriano.

A exposição é um desdobramento do livro Rever Debret (Editora 34, 2023), do pesquisador Jacques Leenhardt, que assina a curadoria ao lado de Gabriela Longman. Organizada em duas partes, a mostra exibe 35 pranchas litográficas que fazem parte do livro Voyage pittoresque et historique au Brésil, impresso em Paris entre 1834 e 1839.

A curadoria aponta que Debret recusa a representação idílica do país naquela época e assume uma postura quase antropológica, observando e descrevendo o cotidiano com detalhes e uma postura crítica. Na época, afirmam os curadores, o conjunto foi rejeitado pelo governo brasileiro por retratar a violência de uma sociedade que escravizava, no Rio de Janeiro, então capital do Império.

De 1816 a 1831, o artista acompanha a transformação da colônia portuguesa no império brasileiro. Como se constrói uma nação é tema fundamental do livro. [Tem] a parte central sobre a vida no Rio de Janeiro, que fundamentalmente é uma vida com os escravos. Debret sempre lembra isso: o português não trabalha, não quer trabalhar, não gosta do trabalho, disse o curador Jacques Leenhardt.

Quem trabalha e está construindo o país são os escravos. Por isso, a presença do escravo é tão importante nesse livro. Tem escravos em todos os livros, todas as viagens pitorescas, mas são pequenos [nos registros], são perdidos na paisagem geral da cidade ou do campo. No livro do Debret, o escravo é uma figura importante e central. Na seleção dessas imagens, nota-se a importância do trabalho dessas pessoas, explicou.

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