Na segunda semana deste mês, uma notícia de suicídio, na cidade de Canoinhas, me inquietou. Não foi por ser uma pessoa próxima, ou pelas circunstâncias que se deu a ocorrência, foi a repercussão que o acontecimento teve no meio digital. O CN foi o primeiro veículo da cidade a publicar a notícia no site. Em poucos minutos, os acessos dobraram e o compartilhamento foi instantâneo.  

Por respeito aos familiares e colegas de trabalho do rapaz, e por ética jornalística, não foram divulgados nomes, apenas o fato. Os comentários, que interagiram com a publicação, mostraram uma mudança nos valores da sociedade. Ao invés da comoção pela perda de mais um jovem, a revolta foi pela matéria não divulgar as informações que identificavam a vítima.

Fomos acusados de sensacionalistas e amadores, fomos julgados, quando na verdade, o que estava em jogo não era a informação, e sim, a vida de mais uma pessoa. Os julgamentos continuaram fora da internet, dessa vez, na busca incessante dos motivos que o levaram ao extremo. As fofocas, baseadas em inverdades sobre o suicídio suscitam a necessidade de mais informação sobre o assunto.

Os números de acessos na matéria, mais de 8 mil em 24 horas, não representam a vontade de discutir sobre saúde mental, prevenção ou atenção aos sinais de desgaste psicológico, evidenciam a carência de falar abertamente, e mais, sobre sentimentos, emoções e comportamentos.

Uma campanha propõeàs pessoas a pensarem sobre suas vidas, o sentido e o propósito de viver, a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si mesmas. O projeto Janeiro Branco é um convite para um olhar mais amoroso e cuidadoso sobre a promoção da saúde mental no âmbito pessoal e coletivo.

Diferente do que muitos acreditam, discutir o tema não é incentivar pessoas a fazerem o mesmo, é mostrar àqueles que estão sofrendo que há cura e prevenção, que há dores que podem ser evitadas, violências que podem ser impedidas, cuidadas ou reparadas. É um ato de amor, de respeito e solidariedade humanística. É isso que uma notícia sobre suicídio deveria representar!