Mais de R$ 3 milhões em recursos públicos foram destinados ao custeio das despesas médicas do presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), Aldo Schneider, que passa por um tratamento contra um câncer. Apesar de dentro da legalidade, o volume de gastos revertidos a um parlamentar só neste exemplo afrontam um sistema público de saúde cheio de desafios como o nosso.
Comparativo feito pelo jornal Notícias do Dia mostra que a quantia seria suficiente, por exemplo, para atender 5 mil pessoas durante 15 dias no Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon) da capital, com cirurgias, exames e tratamentos inclusos.
A repercussão desse caso motivou, nos últimos dias, petição que busca pressionar os deputados estaduais de Santa Catarina a pagarem as próprias despesas médicas. O abaixo-assinado foi criado on-line por um internauta que afirma ser paciente em tratamento no Cepon, e pede a revogação da Resolução DP 090/92, que dá acesso ilimitado para os parlamentares de Santa Catarina usufruírem de assistência médica.
Esse é só um exemplo de privilégios restritos à classe política cuja conta quem paga são os cidadãos catarinenses - os mesmos que quando precisam de um atendimento médico, enfrentam filas, longas esperas e nem sempre conseguem o tratamento que precisam.
Em Canoinhas, voltou a discussão recentemente processo envolvendo vereadores investigados por possíveis irregularidades na concessão de diárias, em 2010. O processo corre em segredo de justiça, porém, o tema também reforça a importância de ficarmos atentos à conduta daqueles que escolhemos para nos representar, cobrar se assim for necessário e, por que não, questionar medidas regulamentadas que não se reflitam no bem comum.
Aí volta o exemplo do caso da assistência médica irrestrita aos parlamentares. Já presenciamos tantas condutas ilegais ligadas à corrupção em nosso país, mas também devemos considerar aquelas imorais.
Vale lembrar que tramita na Câmara dos Deputados, desde 2016, projeto de lei que determina a obrigatoriedade de os agentes políticos eleitos utilizarem os serviços públicos de saúde durante o mandato eletivo. A proposta é válida para combater o evidente descaso de boa parte dos dirigentes públicos com a saúde pública no Brasil.
Triste pensar que sejam necessárias tantas medidas em lei para que se prevaleça o bom senso entre aqueles cuja função é pensar nos cidadãos como todo. Isso deveria ser básico.
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