O chamado 'não voto' e a vertiginosa rejeição às urnas
Os políticos e analistas preveem recorde de votos nulos e brancos nas eleições deste ano. As perspectivas para o pleito são corroboradas pelas mais recentes análises acerca do comportamento do eleitor e intenções de voto, e atribuídas ao conturbado cenário político-econômico e à frustração do eleitorado perante seus representantes.
Pesquisa divulgada este mês pelo Ibope mostra que a "taxa de alienação", que soma votos nulos, brancos e abstenções, alcançou 41%. É uma indefinição considerada inédita para esta fase do ano eleitoral. Nas primeiras pesquisas de intenção de votos realizadas em Santa Catarina, no mês passado, expressivos 80% dos entrevistados não conseguiram indicar em quem votariam, ainda que não houvesse oficialização de candidaturas naquele momento.
Mas o chamado "não voto" não significa necessariamente desinteresse. Está muito atribuído como uma crítica ao atual momento da política, no qual esses eleitores não se sentem representados pelos candidatos. As mulheres se destacaram nesse grupo, especialmente na faixa dos 35 a 44 anos - são seis em cada dez eleitores dispostos a não votar nos pré-candidatos apresentados, no recorte feito pelo Ibope. O fenômeno está associado à indignação diante da corrupção e incertezas relacionadas à economia.
Faz sentido rejeitar o processo como um todo, diante de uma descrença geral e falta de perspectiva para representantes realmente dispostos a apresentar renovação. Mas em contrapartida, o não voto inevitavelmente colabora pela perpetuação dos velhos atores, responsáveis pelas mazelas com as quais declara-se insatisfação. Outro ponto: a abstenção também impacta em menos segmentos sendo representados nas urnas, e o poder de decisão para o pleito concentrando-se no voto daqueles que têm uma mesma ideologia.
Em suma, apesar de a rejeição às urnas servir como forma de protesto, isso representa um impacto justamente na principal arma do cidadão para fazer valer a mudança tão almejada - o poder do voto.
No que diz respeito àqueles ainda alheios ao processo eleitoral, vale ressaltar a importância de buscar informação, questionar os proponentes aos cargos públicos e analisar com atenção quem realmente merece o seu voto. Este ano as campanhas serão mais curtas do que nos pleitos passados, e podem se beneficiar disso aqueles mais conhecidos ou com maiores recursos financeiros, exigindo ainda mais a iniciativa do eleitor de buscar informação.
Nesse sentido, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi certeiro na mais recente campanha lançada para estimular o voto consciente: "Nada melhor do que saber para onde se quer ir".
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