Jonas Fabio Maciel

Independência do Brasil, mito ou verdade? Indiferente da resposta, é de conhecimento geral que o fato conhecido como Independência do Brasil oficialmente se estabeleceu em 07 de setembro de 1822. Frente aos fatos relativos à situação entre o Brasil e Portugal, Dom Pedro I declara que o Brasil se tornara independente de Portugal.  Foi dessa maneira que a historiografia relata o momento glorioso da história brasileira, ao som do grito de "Independência ou Morte".

É no mínimo estranho observar o momento de fundação da Nação. Primeiro porque foi necessário um português realizá-la, em segundo lugar, o Brasil comprou sua Independência, sendo o valor estipulado em dois milhões de libras esterlinas. Como o país estava com os cofres vazios, foi necessário emprestar dinheiro da Inglaterra, contraindo a dívida externa.

No entanto, também não é comum a historiografia relatar o real motivo da parada da comitiva às margens do Rio Ipiranga, que seria disenteria, fluxo de ventre ou desarranjo estomacal (como queiram) de Dom Pedro I, tão pouco suas relações com amantes nos momentos decisivos da crise entre Portugal e Brasil. Era chamado pelos portugueses de "rapazinho de carreira criminosa". As ilustrações sobre a Independência não documentaram que os protagonistas da cena estavam sobre mulas e não cavalos, mas o mais intrigante: não houve conflito ou participação efetiva da população, foi mais um conchavo de elites.

Se observarmos mais a fundo, desconsiderando a autenticidade do nascimento do Brasil independente, permaneceu um elo entre Metrópole e Colônia, trazendo aos dias atuais heranças de um Estado pensado por uma camada institucionalizada. Talvez não seja exagero afirmar que o Brasil nasce já condenado à agonia econômica, política e social. A crise econômica atual é consequência do país produtor de commodities, extrativista por natureza e atualmente falido pela diminuição do preço e consumo internacional desses produtos, somando-se aos exageros gastos de um Estado inchado. O sistema político brasileiro não passa de uma cópia com base, essencialmente, no patrimonialismo português, na Revolução Francesa, capitalismo liberal inglês e democracia norte-americana. Observam-se os limites sociais quando se considera uma população que assiste e recebe calada decisões vindas de cima e na espera de que, com migalhas, também de cima virá um salvador. Essas e outras questões nos permitem interrogar sobre as condições e possibilidades de admitir a Independência do país.

A educação pode ser o caminho mais prudente. No entanto, é a partir dela que a maldição se propaga de geração em geração. A história do país pode ser analisada "de cabo a rabo", sendo que em nenhum momento se encontrará um projeto para uma educação propriamente brasileira. Reproduzem-se planos realizados em outros países que aqui caem como bestas. Não se trata de duvidar da vontade de alguns políticos em desenvolver uma educação de qualidade, mas de boas intenções o inferno está cheio. A pergunta a ser feita é: como pensar uma educação que promova uma verdadeira independência nesse país? Nenhum deles sabe a resposta. Talvez olhem para outros países buscando ter alguma ideia.

Enquanto isso, embrutecemos os menores fazendo-os marchar em pelotões, ao som de tambores sob palanques de autoridades políticas e militares. Seriam resquícios de autoritarismo? Militarismo? Patrimonialismo? Alguém pode chamar atenção para o fato de se tratar de uma atitude cívica e patriota. No entanto, me parece mais cívico e inteligente entender a verdadeira história da Independência do Brasil e perceber que há um país para se construir. Mais eficiente seria ensinar que honrar seu país é estudar, ler, se esforçar, ser educado, cuidar do lugar onde vive para fazer desse país um lugar para se estabelecer em liberdade com seus pares.

Jonas Fabio Maciel