Em entrevista exclusiva para o CN, Mário Lanznaster, presidente da Aurora, afirma não haver previsão da vinda da cooperativa para Canoinhas

Gracieli Polak

CANOINHAS
Quase um ano depois do anúncio do adiamento da construção do complexo da Cooperativa Central Oeste Catarinense Aurora (Coopercentral Aurora) em Canoinhas, a previsão inicial de que os investimentos poderiam ser retomados em 2010 não deverá ser concretizada. Segundo o presidente da empresa, Mário Lanznaster, o futuro da cooperativa no Planalto Norte é incerto, graças ao clima de instabilidade para as diversas cadeias do agronegócio.
Lanznaster afirma que, em relação ao investimento previsto inicialmente para este ano em Canoinhas, só o mercado dará respostas e condições para que a instalação de todo o complexo se efetive. “Hoje não dá para dizer que será amanhã, ano que vem, daqui a dois ou dez anos. Não tem como prever quando a Aurora se instala em Canoinhas”, revela. O presidente explica que o interesse inicial pela cidade se mantém, mas que, enquanto o setor não reagir e dar possibilidade de novos investimentos, o projeto permanecerá parado. “O agronegócio como um todo está em situação complicada no País. Com a desvalorização do dólar, o preço pago pelo produto é inferior ao custo para sua produção, o que complica ainda mais. O mercado consumidor está em expansão, mas este é um processo lento, enquanto a produção aumentou rapidamente”, defende.
POSSIBILIDADE DE CRESCIMENTO
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), o setor, que passou por dificuldades no último trimestre de 2008 e amargou redução significativa também nos primeiros meses de 2009, mostra reação e deve fechar o ano com crescimento 5 % superior ao obtido no ano passado. Entre os fatores que colaboraram para a nova onda de otimismo está a abertura do mercado chinês para o produto brasileiro há dois meses.
Para o presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, no entanto, a perspectiva não é tão otimista quanto mostram os números e a abertura do mercado chinês. Lanznaster explica que o atual momento porque passa a avicultura no Estado, em convergência com o momento nacional, é de equilíbrio, mas um equilíbrio velado que deverá se acabar de 30 a 50 dias, quando o mercado interno novamente ficará inflacionado com o produto. “Com a redução em 20 % na quantidade de pintinhos, conseguida em consenso no País, foi estabelecido um equilíbrio entre a oferta e a procura, responsável pelo restabelecimento de um preço justo ao produtor, mas novamente vai sobrar carne no mercado interno”, diz.
Em 2008, o Brasil abateu 9, 18 bilhões de cabeças de frango, o que representou 10,9 milhões de toneladas de carne. A perspectiva é de 15 % de crescimento para a cedia como um todo em 2010.