Agricultores estão animados com a alta deste ano e investem no plantio do grão
Gracieli Polak
BELA VISTA DO TOLDO
Se depender dos agricultores do Planalto Norte catarinense, no prato do brasileiro não faltará feijão no próximo ano. A safra de verão, que começa a ser plantada com entusiasmo pelos agricultores da região, deve se concentrar na plantação de culturas que tiveram bom rendimento no ano passado, como o feijão e a soja. Assim espera Sérgio Melwistzk, agricultor da localidade de Lagoa do Sul, em Bela Vista do Toldo, que além de fumo, começa a plantar cerca de cinco hectares com o grão.
A expectativa de Melwistzk está concentrada no que deverá acontecer daqui a três meses, quando o feijão que ele está plantando deverá ser colhido. ?Se nós conseguirmos vender por uma média, que é o que a gente espera, vamos ter lucro. Mas se a gente só conseguir vender abaixo do preço deste ano, vamos ter de trabalhar no vermelho?, lamenta. O estabelecimento do preço mínimo fixado pelo governo, em R$ 80 a saca, segundo Wilson Melwistzk, filho de Sérgio, é uma segurança de que, ao menos, não haverá prejuízo caso o produto desvalorize na hora da colheita. Ainda assim, parte da propriedade da família, que era plantada anteriormente com milho, nesse ano será trocada pela soja. E a explicação para isso é bem clara.
De acordo com o engenheiro agrônomo Donato João Noernberg, o entusiasmo dos agricultores pelo feijão se pauta, necessariamente, pelo preço atingido na última safra. A perspectiva de rendimento alto da cultivar estimula a plantação do grão, principalmente pelos pequenos produtores. ?O feijão é a grande aposta, entre aspas. Porque não se consegue plantar uma área muito grande, por que os pequenos e os médios produtores dependem de muita mão-de-obra na época da arranquia. Os produtores maiores, que já tem o equipamento, vivem outra realidade, mas são poucos na região?, explica.
O agricultor Sílvio Grecheche, que também aposta que o feijão deverá fazer o lucro da safra de 2009, comemora a mecanização da colheita. Funcionário de um grande produtor rural há 36 anos, Grecheche fala com entusiasmo da safra que começa a ser plantada, principalmente porque, além da alta no preço do feijão, a produção é mecanizada e não depende da mão-de-obra em grande quantidade na época da colheita. ?Hoje nos colhemos com a colheitadeira. Perde um pouco do feijão na roça, mas nós estamos sozinhos, sem problemas com mão-de-obra?, afima.
ESCOLHA PELA SOJA
Mais resistente que o feijão durante o período da colheita, a soja surge como alternativa para quem, nos últimos anos, amargou prejuízo com o milho. Com preço baixo no mercado e alto custo de produção, o milho perde espaço na região.
O pouco entusiasmo pela produção do cereal, bastante vulnerável, explica-se basicamente pela margem de lucratividade do produtor, bastante inferior se comparada a lucratividade da soja, que ao contrário do milho, passa por alta no mercado. ?O custo de produção de um alqueire de milho, com nível alto de tecnologia, é de aproximadamente 315 sacas, com produção aproximada de 400 sacas. Para um alqueire de soja também cultivado com alto nível de tecnologia, o custo é de cerca de 90 sacas, com rendimento médio de 140 sacas?, explica Noernberg.
Segundo o agrônomo, a explicação pela escolha da soja é lógica: maior lucro econômico e mais segurança na hora da colheita. A resistência superior em comparação com o milho é um fator que garante mais segurança ao agricultor, que espera não sofrer drasticamente com as oscilações do clima e, muito menos, com os humores do mercado. ?A gente sempre espera colher bem e vender melhor ainda. Essa é a nossa expectativa?, conclui Melwistzk.
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