Em Canoinhas, granja dá o exemplo e cria galinhas respeitando critérios semelhantes aos exigidos pela UE

Gracieli Polak

CANOINHAS

 

 

Em pouco tempo a avicultura brasileira terá novas normas para a criação das aves de corte e de postura, impostas pelos compradores da carne de frango do País, maior exportador mundial do produto. A União Europeia (UE), principal compradora do frango produzido no País, é quem determinará as regras para a avicultura brasileira, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A Legislação sobre o assunto, no entanto, não preocupa os criadores do País, porque grande parte dos criatórios já se encaixa nos padrões estipulados pela UE.

De acordo com os padrões europeus, para a criação de aves de corte, a densidade de 33 quilos por metro quadrado pode ser estendida para 39 quilos. No Brasil, a média praticada é de 34 quilos/metro quadrado, portanto, legalizada, mesmo com a adoção de novos parâmetros.

Para o Mapa, a criação de corte não preocupa quanto às medidas estipuladas, porque as principais, como a densidade e o conforto térmico são respeitadas mesmo sem legislação própria. No entanto, as mudanças no setor de produção de ovos são mais complexas e tendem a ser bem mais demoradas, embora a produção industrial de ovos no País seja com aves confinadas, agressivas às galinhas, em contraposição ao sistema free range, defendido por sociedades de proteção aos animais. O fato de o Brasil ainda não ser grande exportador do produto pesa contra a rapidez na definição de novas normas. Cerca de 60% da produção brasileira de ovos é consumida dentro do País, fator que diminuirá a pressão para mudanças na legislação sobre confinamento.

 

SEM PROBLEMA

Para o avicultor canoinhense Osmar Negosek, que está no mercado da produção de ovos há cerca de 40 anos, a regulamentação deve vir rápido. Sob o rótulo de ?os ovos das galinhas felizes?, a produção de Negosek se adianta em questões que só agora são discutidas. ?Desde que o pintinho chega aqui, tem espaço para correr, desenvolve uma vida social própria das aves e produz ovos com tranquilidade. Nas gaiolas, isso não é possível. O bicho passa a vida toda trancafiado, sem poder esticar as asas e, nem ao menos, pisar no chão. Isso é crueldade?, afirma.

De acordo com o ovicultor, a criação das aves poedeiras na granja, localizada no bairro Água Verde, é realizada de maneira que os animais possam produzir ovos saudáveis e ter o cuidado adequado, sem desrespeitar sua condição. As cerca de 50 mil galinhas são criadas em galpões com contato direto com o solo, equipado com bebedouros e alimentadores, além de ninhos coletivos, à semelhança dos encontrados em galinheiros pequenos.

Até o final do ano, a criação de aves de corte deverá, segundo o Mapa, ter novas normas, que deverão ser adotadas voluntariamente pelos criadores, situação que não deverá se repetir tão cedo no setor de produção de ovos.

 

 

Entenda o sistema free range

Abrigo: Ao nascer, a ave fica no abrigo, com água e ração à vontade e luz para aquecimento. A lotação mínima é de 10 aves/metro quadrado

Piquete: Aos 15 dias de vida, a ave é solta no piquete de dia e volta ao abrigo à noite. No piquete, telado, cercado e com sombra, adquire o hábito de ciscar e comer capim. O espaço é de 1 a 3 metros quadrados/ave

Controle: É feito registro de controle contendo dia de chegada e saída, mortalidade, consumo de ração e vacinas aplicadas

Higiene: Entre um lote e outro, é feita a limpeza do abrigo, retirando a cama de frango, varrendo as instalações e lavando e desinfetando os materiais usados. Após a limpeza, o galpão fica fechado por 20 dias (vazio sanitário)