Imponente construção em madeira já abrigou um hotel e um armazém, e contempla a paisagem urbana de Irineópolis há quase um século
Dando continuidade à série de reportagens sobre os casarões históricos do município de Irineópolis, nesta edição será apresentada uma imponente construção em madeira, localizada na Avenida 22 de Julho, no centro do município.
Provavelmente na década de 1920, o município de Irineópolis, à época ainda chamado de Valões e pertencente à Porto União, já contava com um grande hotel, para hospedar os viajantes. Sobre o hotel existem poucas informações, mas o casarão onde ele funcionava, é conhecido e visto diariamente pelos munícipes.
Já nos anos 30, a casa foi comprada pelo imigrante libanês Elias NacleChamee, que iniciou outra atividade comercial no local. "Provavelmente por volta do ano de 1937 a 1939, o meu bisavô comprou a casa que era o hotel.Ele veio com os dois filhos e um neto e abriram um armazém, que na época era chamado de Casa Nacle. Eles vieram do Líbano, primeiro veio o meu avô com filho dele, depois minha avó com meu pai, e os quatro viveram nessa casa.Depois, meu bisavô faleceu e minha avó e meu tio viveram aqui junto com meu pai", conta Márcia Chamee, atual proprietária do casarão.
Arquivo Pessoal/Antiga foto do casarão, ainda nos tempos de Casa Nacle
A recordar da família e das histórias que sabe sobre o casarão, Marcia faz questão de lembrar da infância, quando convivia com o cotidiano da Casa Nacle. "O meu quintal de brincar era o armazém, eram botões, comidas...Eu me lembro daqueles chocolates, depois começaram a vir as roupas prontas. Por que antes, quando era criança e antes de eu nascer eles compravam o tecido e faziam as roupas", lembra, recordando também o dia a dia da casa. "As comidas da casa da vó, o carinho com que ela fazia, os cheiros... Teve uma época que quando vinhampadres para cá, vinhamaqui almoçar conosco no domingo. Os árabes que vinham para a região, os parentes e viajantes que vinham para cá, todos ficavam aqui em casa", conta.
O casarão sempre foi rodeado de vizinhos, o que permitiu que Marcia pudesse ter muitos amigos na infância. "Como é um lugar pequeno, todos éramos muito próximos e a gente conhecia todo mundo, tínhamos amizade com todos, conhecíamos todos.Eu jogava bolinha de gude aqui em frente de casa,brincava de peteca, pulava corda...", lembra.
Fátima Santos/Escadaria que dá acesso ao segundo pavimento
ESTRUTURA
Parte da história de Marcia, e também do desenvolvimento de Irineópolis, o casarão, de longe, chama a atenção de quem passa pela Avenida 22 de Julho. No piso superior, são três quartos, cozinha, uma sala pequena e uma sala grande, onde era o escritório do armazém, e na parte de cima são mais seis quartos. Atualmente, Marcia mora com o marido, a filha, a neta e o genro.
Fátima Santos/Marcia Chamee, atual proprietária do casarão
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