Geraldo Orlonski (PSDB), eleito presidente da Câmara de Irineópolis, fala sobre o tumultuado relacionamento com o Executivo

Edinei Wassoaski

IRINEÓPOLIS

 

Reeleito vereador de Irineópolis, depois de quatro anos engolindo muitos sapos dos vereadores governistas e do próprio prefeito Wanderlei Lezan (PMDB), os dois se enfrentam agora em campos opostos. Os governistas minguaram na Câmara, enquanto que os oposicionistas assumiram a maioria, liderados justamente por Orlonski que acaba de emplacar a primeira presidência da Casa. Na entrevista a seguir, Orlonski fala sobre o seu relacionamento com os governistas, mudanças na Câmara e a análise que faz das eleições de outubro. Acompanhe.

 

Dos nove vereadores, quatro são estreantes na Câmara. Houve, portanto, uma renovação de cerca de 45%. Isso é reflexo do suposto bom mandato da legislatura passada?

Em minha opinião, não. Ao pedir votos para a reeleição, a gente ouvia questionamentos de muitos eleitores sobre a divisão dentro da Câmara, sobre a existência dos protegidos e dos não-protegidos. No lado dos protegidos, as coisas aconteciam. Os não-protegidos eram colocados para o povo como o entrave da administração, mas em momento algum obstruímos o governo na Câmara. Em face disso se criou uma objeção em relação ao nome dos oposicionistas.

 

Mas deu certo, considerando que hoje a oposição é maioria.

Exato. Eles fizeram um trabalho ferrenho contra a minha pessoa, mas foram infelizes.

 

O senhor se considera um opositor consciente?

Eu não diria que sou oposição. Fui correção. Tanto que só votei contra um projeto da administração relacionado a cobrança de hora-máquina dos colonos. Achei injusto, porque em campanha eles prometeram fazer o serviço de graça, mas assim que eleitos mandaram para a Câmara projeto de Lei estabelecendo a cobrança. O que fiz foram correções, que acabaram resultando em choques com a atual gestão.

Mesmo sendo um vereador de oposição fui o que mais projetos apresentou e aprovou na Câmara.

 

Que balanço o senhor faz do primeiro mandato do governo Lezan?

Nada muito especial. Ele conseguiu melhorar em muito o parque de máquinas da prefeitura, comprando uma série de máquinas e caminhões. Só que são aquisições financiadas a longo prazo que começam a ser pagas agora. Mas obras mesmo não vi nenhuma. Só foi feito um reforma num prédio. Cinco postos de saúde que foram criados foram instalados em prédios que já existiam.

 

O senhor acha que este segundo mandato possa ser de realizações?

É o que o povo espera. O que aconteceu é que como eram só dois candidatos (a prefeito) e como o outro era do PT, considerando que há certa resistência ao partido, porque há um esforço por parte do PMDB de ligar o PT a invasão de terras por parte do Movimento Sem-Terra na cidade, que por sinal só aconteceram porque tiveram aval do próprio PMDB.

 

Houve negociação para o senhor assumir a presidência da Câmara?

Não. Houve uma conversa. Deixei claro que precisamos quebrar este paradigma de que o PSDB só atrapalha o governo. Mesmo com a anuência do prefeito Wanderlei Lezan com a minha candidatura, o pessoal do PMDB estava formando uma chapa para lançar candidato. O Carlos Silva, do PPS, que era oposição, lançou candidatura. Mas acabei vencendo de 5 a 4.

 

Sendo o senhor presidente da Câmara, o Governo tem algo a temer?

Se depender de mim, desde que ele trabalhe dentro do que rege a Lei Orgânica e me respeite como presidente da Câmara, ele não tem nada a temer. Não quero ser um entrave em momento algum. Vou trabalhar a favor do município. Não vamos barrar projeto por vingança ou coisa parecida, Jamais.

 

E que tratamento o senhor espera do Executivo?

Quando estive com o prefeito depois da eleição da mesa diretora, expus para ele como quero trabalhar. Deixei claro que não quero tratamento diferente, quero apenas ser tratado como os vereadores da base aliada.

Disse para ele que vou lutar por atendimento médico 24 horas, marcação de consultas por telefone, criação de um parque industrial e alinhamento com a SDR a fim de buscar recursos para o município.

Também pedi para que ele não continuasse com as perseguições como pedir para eu tirar o carro da Câmara da garagem da prefeitura, sendo que o veículo ficou lá por quatro anos. Ele alegou que vai usar a garagem para carros que está comprando. Mas não é só isso, ele demitiu uma funcionária cujo pai votou para mim.

 

Já há um nome para assumir a Câmara em 2010 (o mandato vale por dois anos)?

Estamos articulando o nome do vereador Alcione Adami (PP).

 

Algum projeto prioritário para sua gestão?

Haverá algumas mudanças na Câmara. Primeiro mudaremos o local. A Câmara sai de onde está hoje para um prédio em frente ao Hospital. A mudança se dará porque o espaço é maior e mais arejado. Em termos regimentais, pretendo cumprir a rigor o que está no regimento interno da Casa, já que o regimento vinha sendo levado nas coxas, popularmente falando.

 

Os funcionários continuam os mesmos?

Trocamos o assessor jurídico. Saiu o Décio (Alessandro Décio Damaso) e entrou a Carolina Fronzak. Troquei também a assessora parlamentar. Quem vai assumir é a Eliane Nicoluzzi, que é do PT.

 

O que o senhor pensa sobre a criação de 10 cargos de assessores para os vereadores de Canoinhas. O senhor acha que Irineópolis também necessita de um projeto semelhante?

Hoje entendo que não. Há necessidade de os vereadores se prepararem mais, até eu preciso de aprendizado maior para realizar minhas atividades como vereador.