Ana Paula Lima e Pedro Uczai, ambos do PT, votaram pela urgência. Relator, que é do Partido Comunista do Brasil, vai negociar mudanças no texto nos próximos dias

A Câmara dos Deputados aprovou, por 238 votos a 192, o requerimento de urgência para o projeto de lei que cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet (PL 2630), Batizado de PL das Fake News ou de PL da Censura, por conta dos pontos polêmicos, o projeto de lei terá votação do mérito marcada  para a próxima terça-feira, como anunciou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O relator da proposta, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), afirmou que a aprovação da urgência abre uma nova rodada de negociações. "É um esforço concentrado para uma nova rodada de conversas", disse.

Autarquia federal no controle
Um dos pontos mais polêmicos da última versão do texto é a criação de uma autarquia federal especial para fiscalizar a aplicação da lei. Essa autoridade teria poderes de, por exemplo, instaurar incidentes caso a empresa descumpra as normas da lei, como a retirada de contas e conteúdos sinalizados como criminosos. A Frente Parlamentar Evangélica já afirmou que é contra esse ponto. A expectativa é que o relator apresente uma nova versão do texto na quinta-feira (27).

?Defesa
Orlando Silva disse ainda que a aplicação das sanções é outro ponto de divergência nas negociações com deputados. "Vamos nos reunir para aprofundar os debates. Só temos que resolver dois problemas: fiscalização da lei e aplicação de sanções administrativas, se necessário". Ele defendeu que a responsabilidade sobre a fiscalização da lei poderá recair sobre outro órgão se o Executivo assim optar, com o objetivo de superar os debates sobre a criação de uma autarquia pela proposta.

"A liberdade de expressão está fortalecida com um processo em que o próprio usuário pode contestar quando se sentir prejudicado", disse o relator. Ele afirmou ainda que é necessário alterar o regime de responsabilidade das plataformas de redes sociais, mensagens e busca para se ter mais transparência.

Conteúdo criminoso
Pela proposta, redes sociais, aplicativos de mensagens instantâneas e plataformas de busca deverão agir para sinalizar, retirar ou diminuir o alcance de contas e publicações acusadas de propagar conteúdo criminoso: que configurem ou incitem golpe de estado, atos de terrorismo, suicídio, crimes contra crianças e adolescentes, discriminação e preconceito, violência contra a mulher e infração sanitárias. Nesse escopo, teme-se que questionar segurança das urnas ou eficiência de vacinas seria conteúdo considerado criminoso.

Censura 

Essas empresas também poderão ser multadas caso não cumpram decisão judicial de retirada de conteúdo criminoso e ser responsabilizadas na Justiça por danos causados por conteúdos distribuídos, como publicidade, e caso descumpram as obrigações legais.

Além disso, as plataformas terão de cumprir regras de transparência e fazer análises de riscos sistêmico para avaliar o risco de difusão de conteúdos ilícitos e danos ao exercício de direitos fundamentais.

Para os opositores da proposta, no entanto, tratam-se de medidas contra a liberdade de expressão. Para o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), é "uma tentativa de amordaçar" os parlamentares de oposição. Ele acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de vir à Câmara na tentativa de "coagir" os deputados a votar a matéria.

"O objetivo é criar limites que nos calam, nos silenciam e que podem nos levar à cadeia por manifestar opinião política, religiosa ou defender algum setor econômico como a agro", disse.

Outros pontos
A proposta trata ainda de regras para a publicidade nas redes sociais, plataformas de busca e aplicativos de mensagem, remuneração de conteúdo jornalístico, direitos dos usuários dessas plataformas e ainda sobre contas governamentais. A proposta garante a imunidade parlamentar, mas traz regras que proíbem as contas oficiais de bloquear acesso e outros parâmetros.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

Como  votaram os deputados por SC

Ana Paula Lima (PT) Sim
Carol De Toni (PL)Não
Carlos Chiodini (MDB)Não
Cobalchini (MDB) Não
Daniel Freitas (PL) Não
Daniela Reinehr (PL) Abstenção
Fábio Schiochet (União Brasil) Não
Geovânia de Sá (PSDB)Não
Gilson Marques (Novo) Não
Ismael (PSD) Não
Jorge Goetten (PL) Não
Julia Zanatta (PL)Não
Pedro Uczai (PT) Sim
Rafael Pezenti (MDB)Não
Ricardo Guidi (PSD)Não
Zé Trovão (PL)Não