Reportagem do CN teve acesso a parte da auditoria de mais de 900 páginas, que apontou série de suspeitas de irregularidades na administração de Orlando Krautler

CANOINHAS ? Iniciada em janeiro de 2006, auditoria contratada pela prefeitura de Canoinhas junto a empresa privada LJ Audi, detectou uma série de supostas irregularidades que juntas ultrapassam R$ 1,94 milhão.

O CN teve acesso à parte do relatório que ultrapassa 900 páginas, e que foi encaminhado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas na semana passada.

O Ministério Público não fala sobre o assunto.

As acusações pesam, sobretudo, sobre o setor administrativo da prefeitura. A parte a que o CN teve acesso do relatório refere-se especificamente a suspeitas sobre dois fundos específicos, que correspondem a duas contas bancárias ? os fundos de saúde e ação social. Embora a prefeitura contribua substancialmente com estes fundos, o grosso do dinheiro vem do Governo Federal. Somente em 2004, último ano do governo de Orlando Krautler (DEM), foram destinados pela União R$ 1,3 milhão para o fundo da Saúde e R$ 1,27 milhão para a ação social.

Em relação aos fundos de saúde e ação social, que seriam parte de todo a apuração, valores teriam sido depositados nos fundos, mas não teriam sido contabilizados. Outra situação detectada, segundo a sindicância, foram lançamentos no sistema que não teriam entrado no fundo e casos de dinheiro que entrou na conta do fundo, mas que não foi contabilizado no sistema da prefeitura. Este mesmo dinheiro teria sido retirado do banco sem que houvesse registro contábil algum. Os extratos resgatados pelo Banco onde havia as contas, mostram uma movimentação de mais de R$ 1,94 milhão supostamente não-contabilizado, em dois anos, relacionado exclusivamente aos fundos de saúde e ação social, que são abastecidos com dinheiro do Governo Federal e da prefeitura.

 

APURAÇÃO DUROU DOIS ANOS

 

A auditoria da LJ Audi foi concluída em meados de 2006. Todo o material foi encaminhado ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público. Os papéis retornaram a prefeitura em março de 2007, com uma recomendação para que a prefeitura fizesse uma tomada de contas especial. Como ninguém na prefeitura sabia o que o termo significava, a LJ Audi foi recontratada para prestar assessoria. Daí, descobriu-se que a tomada correspondia a criação de uma sindicância interna, formada por funcionários da administração para investigar as supostas irregularidades.

A sindicância teria prazo de seis meses para trabalhar, mas acabou arrastando os trabalhos para nove meses. A comissão chamou todos os envolvidos nas denúncias. ?Alguns compareceram, outros não?, diz um dos membros da sindicância. De efeito prático não teve nenhum. A conclusão da sindicância foi de que não houve colaboração por parte da administração passada no sentido de esclarecer a questão.

Este parecer seguiu para o TCE e o Ministério Público juntamente com cópias do relatório. A principal prova apontada pela auditoria são os extratos bancários em desacordo com os balanços contábeis da prefeitura no período investigado.

 

 

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