Max Bornholdt não agüentou pressão depois da prisão de seu assessor e pediu demissão
FLORIANÓPOLIS ? O secretário estadual da Fazenda, Max Bornholdt, pediu demissão na terça-feira, 22, motivado por denúncia de corrupção, que seria orquestrada por seu assessor direto, Aldo Hey Neto, preso na quarta-feira, 16, em seu apartamento em Florianópolis.
Neto foi preso com R$ 2 milhões em espécie em seus dois apartamentos, em Florianópolis e Curitiba. Sua prisão faz parte da Operação Dilúvio, desencadeada pela Polícia Federal contra sonegadores de impostos em nove Estados.
A carta de Bornholdt solicitando a exoneração foi entregue em mãos ao governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB). O secretário da Agricultura, Alfredo Felipe da Luz Sobrinho, assumiu no mesmo dia o posto vago. Ele acumulará as duas funções por pouco tempo. Em breve, deixará a Agricultura para ficar somente na Fazenda.
Bornholdt deixou o cargo jurando inocência e argumentando que a sua continuidade na função poderia ser interpretada como inibidora das diligências da comissão de sindicância do governo, instaurada semana passada para apurar o possível envolvimento do ex-consultor de assuntos tributário no maior esquema de fraudes de importações desbaratada pela Polícia Federal.
A decisão parece ter sido fruto de pressão. Em entrevista ao Diário Catarinense no domingo, 20, Bornholdt havia assegurado de que deixaria o cargo somente em dezembro.
O ex-governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) apoiou a decisão de Bornholdt, acreditando que sua demissão tira os holofotes do escândalo de sua campanha a reeleição. Antes de chegar em Florianópolis e se encontrar com Pinho Moreira, Bornholdt conversou por telefone com LHS. Em entrevista coletiva na sede da Procuradoria-geral do Estado (PGE), Bornholdt garantiu não ter detectado nenhuma irregularidade na concessão de benefícios fiscais por meio do Compex, instrumento que já rendeu aos cofres públicos mais de R$ 100 milhões e que atendeu cerca de 60 empresas importadoras e mais de 100 de outras áreas. Neto era o responsável pelo programa.
O ex-secretário não afastou a possibilidade de que a comissão de investigação encontre alguma ilegalidade no processo, uma vez que "quatro ou cinco" empresas que aderiram ao Compex estão enroladas com a Polícia Federal. Bornholdt disse ainda que as evidências contra o ex-consultor, a quem ele se referiu como "colega de trabalho", presumem que ele seja culpado.
Bornholdt reafirmou que conheceu Neto em 2003 quando algumas pessoas, entre elas o seu filho, vice-prefeito de Joinville, Rodrigo Bornholdt (PMDB), lhe indicaram o seu nome para assumir a vaga de consultor de assuntos tributários. "Fui traído", disse Bornholdt, que também se colocou à disposição da Polícia Federal para qualquer esclarecimento. "Não fui (chamado para depor). Mas, se for, irei?.
COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA
O principal líder do grupo é um empresário paulista que morou no Paraguai e constituiu elevado patrimônio. Nos últimos dez anos, o grupo registrou dezenas de empresas importadoras, conhecidas como tradings, além de diversas ?distribuidoras? que intermediavam as operações de forma a ocultar e a blindar o real importador (cliente do grupo), e realizar uma expressiva redução fraudulenta de tributos.
Uma das tradings, criada no início do grupo, foi citada no relatório final da CPI da Pirataria do Congresso Nacional, por envolvimento na rede de abastecimento para o esquema de Law Kim Chong.
O esquema permitiu a importação de aparelhos eletrônicos, equipamentos de informática e telecomunicações, pneus, equipamentos de ortopedia e luvas cirúrgicas, frutas, embalagens plásticas, tecidos e vestuários, pilhas e baterias, carros e motos, vitaminas e complementos alimentares, produtos de perfumaria, entre outros.
Os principais clientes estão localizados no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Deixe seu comentário