Marilisa Boehm é natural de Joinville, tem 58 anos de idade. Formada em Direito e pós-graduada em Ciências Criminais, tem uma história de lutas em defesa da mulher. Foi fundadora da Delegacia da Mulher de Joinville, onde foi titular entre 1990 e 2014. Na maior cidade do Estado também atuou como Delegada Regional, entre 1999 e 2002, comandando os municípios de Joinville, Itapoá, São Francisco do Sul, Garuva e Araquari.
Participou ativamente na criação da casa “Viva Rosa”, para abrigamento de mulheres vítimas de violência, bem como do Protocolo de Atendimento às Pessoas Vítimas de Violência Sexual, serviço de grande importância para evitar a revitimização de quem sofreu crimes sexuais. Também realizou inúmeras palestras na cidade de Joinville e região sobre violência contra mulher, crianças, adolescentes e idosos.
Foi candidata a vereadora, a vice-prefeita de Joinville e a deputada estadual. Após se aposentar, criou o Instituto Cazul (www.cazul.com.br) com o objetivo de empoderar as mulheres por meio do empreendedorismo. Em 2022, pelo PL, disputou a eleição na chapa com Jorginho Mello e foi eleita vice-governadora.
Além do trabalho voltadas às mulheres, no Centro Administrativo, na Capital, e nos demais municípios, ela se dedica a outras atividades. Marilisa atua ativamente ao lado de Jorginho, fazendo o atendimento de prefeitos e vereadores, participando de atividades de interesse do Estado junto ao governo federal e na interlocução com os demais poderes.
Vice-governadora de SC atua de modo permanente no combate à violência contra as mulheres
CN: Vice-governadora, a Lei 14.448 de 2022 instituiu a campanha do Agosto Lilás, que ocorre anualmente durante 31 dias com a meta de conscientizar a população sobre a necessidade do fim da violência contra as mulheres. E, neste ano, a senhora protagonizou cinco eventos públicos em três regiões do Estado sobre o tema. Essa é uma função sua no governo?
Marilisa: Desde o início do ano, quando o governador Jorginho Mello e eu assumimos a gestão do Estado, tenho recebido convites para falar sobre essa questão. Isso certamente se deve à minha história, como fundadora da Delegacia da Mulher, em Joinville, no ano de 1991, onde fui titular até 2014, além de ter trabalhado como delegada regional de 1999 a 2002. Não é uma função específica do cargo, mas é algo que eu sempre fiz e continuarei fazendo até o fim da minha vida.
CN: Em quais eventos a senhora tratou desta pauta no último mês de agosto?
Marilisa: Em Florianópolis eu palestrei na sede da OAB, onde tratamos das dificuldades da aplicação da Lei Maria da Penha; no lançamento do Programa de Prevenção ao Assédio Sexual no Ambiente de Trabalho, que está sendo aplicado em todas as esferas da administração do Governo do estado; e no lançamento “Mulheres do Nosso Bairro”, que é uma iniciativa do Instituto Maria da Penha em parceria com 15 empresas catarinenses. Também atendi aos convites da Câmara de Vereadores de Timbó, na região do Médio Vale, e no campus da Unoesc na cidade de Videira, no Vale do Rio do Peixe.
CN: Vice-governadora, estamos em 2023 e a violência contra as mulheres ainda é um problema. Na sua opinião qual é o motivo disso? E até quando teremos que alertar a população?
Marilisa: A violência contra as mulheres, infelizmente, é uma questão cultural. Está presente não só em Santa Catarina, mas em todo o Brasil. E precisamos falar sobre o assunto de modo permanente, para mostrar às vítimas que existem leis que as protegem, que há uma rede de acolhimento, que as forças de Segurança do Estado fazem um relevante trabalho para protegê-las e resgatá-las, além de deter os agressores. E, além disso, o assunto precisa estar sempre em debate, na rede de ensino, nas igrejas, associações de moradores, órgãos de governo municipal, estadual e federal, nos clubes, empresas, para que, além das mulheres, os homens, jovens e crianças também conheçam essa realidade e que é mais do que necessário mudá-la.
CN: Como seria essa mudança?
Marilisa: Como eu disse, Santa Catarina conta com as polícias Civil e Militar, que fazem um trabalho exemplar no enfrentamento da violência. Mas só isso não é suficiente. Temos que promover uma mudança de comportamento. Quanto mais pessoas, independente de origem, gênero ou idade, souberem que homens e mulheres precisam conviver em paz, melhor será a vida de todos nós. Ainda há quem desconheça que o marido agredir a esposa, e muitas vezes até os filhos, é crime. Esta não é uma situação normal ou natural. Então, quando falamos deste tema, multiplicamos a mensagem e cada vez mais pessoas passam a ter esta consciência. No evento do Instituto Maria da Penha, por exemplo, vi muitos homens na plateia. E isso foi ótimo, pois eles a partir de agora passam a atuar como agentes de transformação junto a outros homens das próprias famílias, do trabalho e dos demais locais onde convivem. Todos nós temos a obrigação de ensinar, alertar e denunciar.
CN: Como o Governo do Estado está atuando para reverter os números de violência contra as mulheres:
Marilisa: A ação mais recente é o programa interno de prevenção ao assédio sexual no local de trabalho, dentro do governo, conforme citei. Mas, além disso, o governador Jorginho Mello vem apoiando às forças de Segurança, com investimentos em equipamentos e infraestrutura. E estamos trabalhando sempre em sintonia com a OAB, o Judiciário, a Assembleia Legislativa, as prefeituras, as universidades e todas as instituições que têm o mesmo objetivo que nós: trabalhar incessantemente para educar as pessoas, enfrentar a violência, levar agressores à Justiça, cuidar das vítimas e assegurar a elas oportunidades eficientes para reconstruir a vida, com saúde, segurança e sustento digno.
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