Plenária da Facisc reuniu representantes dos municípios do Planalto Norte para discutir prioridades da região

Na segunda-feira, 22, representantes dos municípios do Planalto Norte participaram da plenária realizada pela Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc) e Associação Empresarial de Canoinhas (Acic). Na pauta da discussão, o retrato do desenvolvimento da região identificado na cartilha Voz Única e apontado também pelo Índice de Performance Econômica (Iper/SC).

A região do Planalto Norte Catarinense registrou o segundo pior Iper do Estado, - 1,09%, ficando na frente apenas da região do Alto Vale, com -1,18%, e atrás do Sul, com 0,64%. O melhor índice é do Vale do Itajaí, com 10,18%, seguido do Norte, com 8,23%, e da Grande Florianópolis, com 1,36%.

O presidente da Facisc, Jonny Zulauf, explicou que esse baixo índice não significa que os municípios deixaram de se desenvolver. A justificativa é que uma indústria de São Bento do Sul, entrou em colapso nos últimos anos, afetando o resultado da Iper da região. "Ela reduziu pela metade seu faturamento. Quando ela baixou a produção, ela derrubou os indicadores do Planalto Norte", esclareceu.

"O programa Voz Única tem o propósito de ajudar a entender as dificuldades e reais necessidades do Estado, fazendo com que a voz da classe produtiva catarinense seja ouvida principalmente pelos atores políticos na elaboração das propostas de governo e possa assim contribuir para o desenvolvimento do Estado", explica Adriano, consultor regional da Acic.

Os pleitos de cada região, levantados para o programa, resultaram em uma importante cartilha que foi entregue a candidatos e governantes, para que as reais necessidades se transformem em propostas e planos de ação. Ao todo, foram 702 pleitos por todo o Estado. Na região do Planalto Norte, 46 demandas foram apresentadas.

"Está documentado quais são as prioridades para a região, foi discutido e revelado expressamente que nós precisamos de infraestrutura. Não adianta nós darmos bons projetos, grandes industrias, investimentos, mão de obra, se não tivermos infraestrutura. E Infraestrutura passa por energia, comunicação e, necessariamente, melhores rodovias e ferrovias", afirma Zulauf


INFRAESTRUTURA

Destas, 20 delas são referentes à infraestrutura, representando 43,48% das necessidades da regional. Entres os pleitos prioritários, está, a nível federal, a elaboração de projeto e execução para eliminação dos pontos críticos e inclusão de terceiras faixas na BR 280, trecho entre São Bento do Sul e Porto União. A nível estadual, a revitalização da SC 477 no trecho entre o entroncamento da BR 116 (Major Vieira) e Canoinhas.

"Que indústria vai querer vir se instalar em Major Vieira, com a SC 477 do jeito que está. Se antes de chegar na cidade, ele já estourou os quatro pneus. Não vem! Isso atropela a região. Isso assusta. É notícia ruim que percorre o Estado. E não é só a 477, é a 135 que liga Porto União à Caçador, que é outro polo grande de desenvolvimento da região", ressalta o prefeito de Major Vieira, Orildo Severgnini.

Os pedidos ainda compreendem a revitalização das rodovias SC 110 e da ponte entre Campo Alegre (SC) e Tijucas do Sul (PR); SC 112 no trecho entre Rio Negrinho e Itaiópolis; SC 120; SC 340; SC 350; SC 418 no trecho entre São Bento do Sul e Pirabeiraba; SC 419 no trecho entre a BR 116 de Itaiópolis e Paraguaçu e o entroncamento com a SC 477.


POLÍTICA E GESTÃO PÚBLICA

Dos 46 pedidos à região, divididos em dez temas, cinco foram sobre política e gestão pública, ou seja 10,87% das necessidades do Planalto Norte, estão voltados para o replanejamento da gestão pública para melhoria na aplicação dos recursos, redução de estruturas, desburocratização e e?ciência pública.

Em debate, os prefeitos pertencentes à Associação dos Municípios do Planalto Norte (Amplanorte), pediram por mais representatividade política da região na Assembleia Legislativa e na Câmara de Deputados. De acordo com o presidente da Amplanorte, e prefeito de Major Vieira, Orildo Severgnini, a região possui 270 mil eleitores, sendo capaz de eleger quatro deputados estaduais e no mínimo dois deputados federais.

O prefeito de Rio Negrinho, Julio Cesar Ronconi, ainda colocou em debate a necessidade de inclusão do Pacto Federativo na proposta da Reforma Tributária que está sendo discutida nas duas casas legislativas do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federa. "Para que os municípios possam ter mais dinheiro, sem precisar que os prefeitos fiquem o todo tempo indo a Brasília, pedir recursos", explicou Ronconi.

Outro pedido do prefeito é que a Facisc apoie, nas próximas eleições, o voto distrital, sistema em que cada membro do parlamento é eleito individualmente nos limites geográficos de um distrito pela maioria dos votos. De acordo com Ronconi, essa medida traria mais representatividade à região, aproximaria os deputados aos municípios, e consequentemente, mais facilidade ao angariar recursos estaduais e federais. A reforma política também foi um tema abordado pelos representantes durante a Plenária.


SEGURANÇA

Agilizar a construção da Penitenciária Industrial na cidade de São Bento do Sul e garantir uma estrutura sustentável e dentro das normas de segurança e de direitos humanos, é a prioridade da regional para segurança, que teve seis pleitos sugeridos pelos representantes do Planalto Norte.

Sobre o tema, o vice-prefeito de Porto União, Percy Storck relatou a necessidade do município em ter o Instituto geral de Perícias (IGP). Porto União está há quase três anos sem um único perito e sem previsão da chegada de profissionais da área. "Se tivermos um óbito hoje, tem de ir à Caçador, em um caminhão que nem câmara fria é. Temos esse descaso total do Estado para conosco", conta Storck.

De acordo com a cartilha do Voz Única, 63 pleitos ligados à segurança foram feitos em Santa Catarina, sendo 29 relacionados à infraestrutura, como equipamentos, bases militares, veículos, penitenciárias e tecnologia; 25 ligados ao pessoal, como aumento de efetivos, qualidade técnica, treinamento e remuneração, e, nove pleitos relacionados às políticas públicas, indicadores e transparência.

Em Santa Catarina, foram gastos R$ 2,6 bilhões com segurança pública no ano de 2017, o que representa 12,9% dos gastos realizados pelo Governo do Estado.

foram os gastos com Segurança Pública em Santa Catarina em 2017 Representou 12,9% dos gastos realizados pelo Governo do Estado de SCforam


SAÚDE

Com quatro pedidos, totalizando 8,70% das necessidades da região, saúde é o quarto tema prioritário para a Facisc. Para amparar os anseios do Planalto Norte, é necessário construir um plano vocacional dos estabelecimentos hospitalares das regiões norte e nordeste, por meio de comissão especí?ca, multidisciplinar e multisetorial.

"Enfrentamos o problema de o Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC), deixar de receber um recurso, porta de entrada, de cem mil reais do Estado, que está atrasado neste governo, mas já esteve atrasado nos anteriores também. Então a gente vê os gastos dos nossos políticos com outras coisas, e vê as dificuldades de cada município em conseguir umas 'migalhas' vinda dos recursos parlamentar", desabafa o prefeito de Canoinhas, Gilberto dos Passos.

Em relação a saúde, o programa Voz Única levantou 39 pleitos de todas as regiões do Estado. Dentre eles 53,85% são ligados à infraestrutura, como hospitais, equipamentos, instrumentos e tecnologia, e 46,15% são sobre a gestão, como políticas públicas, indicadores, diretrizes e transparência.

Somente no ano de 2017, foram R$ 2,8 bilhões gastos com saúde em Santa Catarina, ou seja, 13,6% dos gastos realizados pelo Governo do Estado de Santa Catarina.


IPER 2019

A Facisc divulgou ontem, 25, que o Índice de Performance Econômica das Regiões de Santa Catarina (Iper/SC) registrou crescimento de 0,18% entre o primeiro trimestre de 2019 em relação ao último trimestre de 2018, ano em que os dados da Plenária foram apresentado. O Planalto Norte teve um crescimento de 0,76% de janeiro a junho deste ano.

Entre as regiões do estado, as que registraram maior crescimento foram as regiões do Oeste (2,25%) e Sul (0,93%). Por outro lado, as que tiveram queda foram as regiões Noroeste com (-5,46%) e Meio Oeste (-0,04%), sendo o resultado estadual de 0,18%. As outras regiões apresentam os seguintes dados: Extremo Oeste (0,20%), Serra Catarinense (0,24%), Alto Vale (0,24%), Vale do Itajaí (0,79%), Norte (0,22%), Grande Florianópolis (0,63%), Extremo Sul (0,16%).

O IPER é um índice econômico inédito em Santa Catarina. Tem como objetivo produzir uma estimativa trimestral da movimentação econômica das regiões do estado de Santa Catarina e do estado como um todo. O Iper foi criado a partir de indicadores relevantes que possuem relação direta com a movimentação econômica das regiões do estado, como: movimentação bancária, consumo de energia, movimentação do comércio exterior, movimentação do emprego, e movimentação da frota de veículos.