Acusação partiu do jornal Diário Catarinense, que fotografou os carros no estacionamento de um restaurante em Florianópolis
CANOINHAS ? O jornal Diário Catarinense, em sua edição de sábado, 30, trouxe na capa a reportagem-denúncia de que policiais estariam usando veículos oficiais para ir a festa de lançamento da candidatura a deputado federal do chefe da Polícia Civil, Ricardo Thomé, ocorrida na noite de quinta-feira, 28, no restaurante Trattoria Recanto do Sabor, na praia de Canasvieiras, em Florianópolis. Entre os carros oficiais estacionados em frente ao restaurante, estavam um Renault Scénic e um Gol, pertencentes à Comarca de Canoinhas. Boa parte dos carros, inclusive os de Canoinhas, foram fotografados pelo repórter Julio Cavalheiro, do Diário Catarinense.
A denúncia irritou o governador Luis Henrique da Silveira que na noite de domingo, 31, determinou abertura de sindicância e o afastamento de Thomé da chefia da PC até que sejam esclarecidas todas as circunstâncias do caso.
Na quarta-feira, 3, a reportagem do CN esteve na Delegacia de Comarca de Canoinhas e conversou com o delegado regional Altair Muchalski, que admitiu ter estado no jantar com o Renalt Scénic, e garantiu que estava em Florianópolis fazendo um curso na Academia de Polícia Civil de Santa Catarina (Acadepol) e que foi ao restaurante porque, ?naturalmente, todos precisam jantar?. Muchalski afirmou que o jantar não era para lançar a pré-candidatura de Thomé. ?Como se lança uma candidatura sem convenção partidária??, questionou Muchalski.
O delegado disse ainda que deve ser um dos chamados para prestar depoimento na sindicância a ser instaurada pelo secretário de Segurança, Ronaldo Benedet, e que ?os culpados têm que pagar, se eu for culpado também pago?.
Ontem, o editor de política do Diário Catarinense, Roberto Azevedo, confirmou que o veículo Gol que em Canoinhas é usado pelo comissário Levi Rosa Peres, também é um veículo oficial. Levi não foi encontrado para comentar o caso.
Entenda o caso |
Na quarta-feira, 24, uma empresa de comunicação enviou a imprensa e-mail informando sobre um encontro que aconteceria em Florianópolis no dia seguinte em apoio ao lançamento da candidatura do delegado-chefe da Polícia Civil à Câmara Federal |
O DC obteve o endereço do encontro, um restaurante de massas em Canasvieiras, no Norte da Ilha, e foi até lá por volta das 21h - a reunião estava marcada para iniciar 20h. |
Na avenida paralela ao restaurante havia 24 veículos oficiais da SSP estacionados. Oito deles tinham placas do interior do Estado, entre eles dois de Canoinhas |
No dia seguinte, a assessoria de comunicação da Chefia da Polícia Civil encaminhou a imprensa texto e foto sobre o jantar, informando a presença de 110 convidados, entre policiais e membros do diretório municipal do PMDB |
Junto à mensagem eletrônica havia uma foto do delegado Ricardo Lemos Thomé entre convidados |
Em viagem pelo interior do Estado, o governador Luiz Henrique (PMDB) ficou irritado ao saber do assunto pelo Diário Catarinense. Determinou "apuração rigorosa" para verificar eventual uso indevido de bens públicos para fins particulares |
Questionado pelo Diário Catarinense, Thomé alegou que não sabia do que se tratava o jantar, para o qual disse ter sido convidado duas horas antes do seu início. O delegado-chefe disse que iria mandar apurar o caso |
O Ministério Público Estadual (MPE) também avalia desde segunda-feira, dia 1.º, a eventual ocorrência de atos de improbidade administrativa |
O secretário da Segurança Pública, Ronaldo Benedet, garantiu que vai chamar o delegado chefe da Polícia Civil, Ricardo Lemos Thomé, para que ele dê explicações sobre o jantar. Benedet assegurou ainda que será instaurada uma sindicância e que todos os responsáveis pelos veículos flagrados pelo Diário Catarinense também serão convocados a dar explicações |
Nota no site da SSP |
Chefe de Polícia, delegado Ricardo Thomé, divulgou nota no site da Secretaria de Segurança Pública |
A família policial civil defende a qualquer custo a liberdade de imprensa e a livre manifestação do pensamento e tem sido uma das maiores fontes atuais do jornalismo. A matéria estampada no Jornal DC, de 30.7.2005, antes de refletir uma corriqueira pauta denuncista e descomprometida como querem alguns, faz com que o policial civil busque a equilibrada postura profissional diante de ataques de cunho eminentemente político. O fato será investigado nos rigores estatutários, em respeito ao povo catarinense. Entretanto, NADA AFASTARÁ A CHEFIA DE POLÍCIA DA INTRANSIGENTE DEFESA DOS VALORES INSTITUCIONAIS E CONQUISTAS COMO A INCORPORAÇÃO DA HORA EXTRA, A REGULAMENTAÇÃO DA APOSENTADORIA DO POLICIAL CIVIL, DOS PROGRAMAS DE VALORIZAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO, DOS PROGRAMAS DE SAÚDE E HABITAÇÃO, DO PISO SALARIAL, DE CONDIÇÕES DIGNAS DE TRABALHO. Temos a certeza de que ardis orquestrados serão afastados com o trabalho do policial civil que nada tem a envergonhá-lo: os resultados de sua atuação em defesa da Justiça e da Sociedade, com índices cada vez melhores, são o melhor argumento da essencialidade do serviço da nossa Polícia Civil. Força, policial civil. Defender a sociedade contra o crime e os criminosos e lutar pelo que queremos e merecemos! É preciso ter fé! |
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