Falta de prevenção e demora no tratamento agravam o quadro

 As estatísticas mostram que 30% dos idosos vão cair pelo menos uma vez por ano. Em 5% desses casos, haverá uma fratura de fragilidade, mais comum no fêmur, vértebra e punhos.

O idoso que sofre uma fratura de quadril deve ser operado em 24 horas ou, no máximo, em 48 horas para que tenha mais chances de recuperação. Mas no Brasil ele espera até um mês, o que aumenta as chances de complicações e de morte.
É que o afirmam os especialistas reunidos no Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, que aconteceu em Belém (PA) no final de abril. As quedas são as principais causas das fraturas ósseas.
Para eles, o processo de envelhecimento vivido pelo Brasil, associado a falhas na assistência e a falta de prevenção de quedas em idosos, faz com que o país enfrente hoje uma verdadeira epidemia das chamadas fraturas de fragilidade, associadas à osteoporose e outras doenças ósseas.
Para o médico geriatra João Danilo Rudey, que trabalha em Canoinhas, é preciso investigar a causa da queda do idoso. “Geralmente tentam burlar essa pergunta, mas nem sempre a queda é casual. Tem de afastar vários motivos como um AVC, por exemplo, ou o Parkinson. Pode também ser um problema cardiológico ou efeito colateral de medicamentos que causaram a queda.”
O médico alerta para as adequações que são necessárias para evitar quedas. Os cuidados têm de ir desde os chinelos que o idoso usa até a estrutura da casa onde vivem.
O geriatra afirma que a queda é um “evento catastrófico” que tem de ser levado muito a sério tanto pelo idoso quanto pela família. “A queda é um marco para o idoso. Existe o antes da queda e o pós-queda. Quando ocorre fratura, tem toda a implicação da cirurgia. O idoso pode ter de ficar acamado e aí surgem vários problemas como atrofia e depressão, por exemplo.”
O médico lembra que a queda traz medo para o idoso, que passa a ficar mais recluso. “Por isso é muito importante a prevenção.”
CUIDADOS
A casa onde o idoso mora tem de ser adaptada para ele. “É preciso evitar escadas ou substituí-las por uma rampa. Instalar piso antiderrapante, colocar faixas amarelas. Em casas com dois pavimentos, o recomendável é que o idoso tenha quarto e banheiro no andar de baixo. Barras de proteção nos banheiros e corredores e excluir tapetes. Também é preciso cuidado com piso molhado e animais de estimação. Só o fato de o cachorro passar em frente ao idoso pode levá-lo à queda.”
 
AUMENTO
Segundo dados o Ministério da Saúde, em cinco anos o número de fraturas de fragilidade em idosos aumentou quase 30%. Em 2008, foram 67.664 casos, que pularam para 85.939 em 2013.
Tratar a osteoporose (com cálcio, vitamina D e outras drogas específicas), ter alimentação saudável e praticar atividades físicas para fortalecer músculos e ossos estão entre as recomendações.
Além do consumo de alimentos ricos em cálcio, tomar sol é fundamental para a produção da vitamina D, essencial para fixar o cálcio nos ossos.