Pesquisa revela que doença avança para o interior do Brasil; em Três Barras, já são 30 infectados

Gracieli Polak

CANOINHAS
Das cem cidades com mais de 50 mil habitantes com maior incidência de pessoas infectadas com HIV, 20 estão no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina, segundo relatório do Ministério da Saúde divulgado na quinta-feira, 27 de novembro. A epidemia de AIDS no Brasil, segundo o órgão, migra das grandes cidades para o interior. Enquanto as grandes cidades, que concentram 52% dos casos, registraram 15% menos casos, nos municípios com menos de 50 mil habitantes a incidência dobrou.
Em Canoinhas, segundo Iolanda Ruthes da Silveira, enfermeira da Secretaria de Saúde, há 60 portadores do HIV. “Destes, 33 são casos notificados, ou seja, quando o paciente já apresenta doenças relacionadas à Aids”, explica. De acordo com a enfermeira são descobertos de cinco a seis casos por ano na cidade, número que se manteve estável nos últimos anos.
A estabilização no número de casos, segundo a médica ginecologista Gisele Kluppel de Lima, é um sinal de que a consciência da prevenção aumentou, mas que ainda é preciso muito para vencer a doença e o medo dela. “As pessoas têm o hábito de não usar camisinha e de não fazer o teste”, alerta. Ela explica que, com os avanços da medicina, hoje a Aids é tratada como uma doença crônica, mas que a descoberta deve ser precoce para que o tratamento tenha melhores efeitos. “Não tem cura, mas tem tratamento. Tem de se prevenir e também incluir o exame na rotina para que o vírus não seja descoberto muito tarde”, explica.
PREVENÇÃO NA RUA
Buscando popularizar a prevenção e a detecção precoce, na terça-feira, 1.ª de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, em quase todas as cidades da região aconteceram manifestações contra o avanço da doença. Em Canoinhas, alunos do curso de Enfermagem da Universidade do Contestado, junto com Unimed, Secretaria Municipal de Saúde e as rádios Clube e Transamérica, prestaram orientações sobre o vírus, distribuíram camisinhas e fizeram coletas de sangue para exames. Outra barreira, a do preconceito, também foi combatida.
“Quando você se recusa a fazer o teste já está sendo preconceituoso, porque pensa que a doença é só dos outros”, diz Iolanda. O grande volume de amostras recolhidas logo no começo do movimento indica que a barreira começa a cair. Os amigos Diego Marco e Jhonathan Padilha, de 16 e 15 anos, fizeram o teste pela primeira vez, depois do pedido dos universitários. “Se a gente tiver algum problema é bom saber desde cedo”, defende Padilha.
O teste de detecção de HIV é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pode ser realizado de segunda à sexta-feira na Clínica da Mulher e da Criança. Todas as informações são processadas de maneira sigilosa, garantem os profissionais da área.