No embalo do projeto que regulamenta aumento de salário e horário, médicos estariam pressionando colegas a abandonarem seus empregos na prefeitura

CANOINHAS ? O famigerado projeto de Lei que regulamenta a prestação de serviço médico para a prefeitura, aprovado no início do ano voltou a Câmara dos Vereadores na terça-feira, 30. Desta vez, os vereadores votaram os vetos do prefeito Leoberto Weinert (PMDB) às emendas propostas pelos vereadores.

A votação secreta, pela primeira vez, foi fatiada em três artigos.

A primeira se referia a extensão dos benefícios concedidos aos médicos ? salário de R$ 1,6 mil/mês por dez horas de serviços prestados por semana ? aos dentistas. O veto foi mantido por empate de cinco votos a favor e cinco contra.

A segunda emenda vetada por Weinert também se referia aos dentistas, que por meio do artigo também estariam incluídos no concurso público. Empate de cinco a cinco manteve o veto, que acabou provocando confusão entre os vereadores. Como no mesmo artigo vetado integralmente, estava uma referência a contratação de temporários, o prefeito terá de fazer um novo projeto de Lei para ser apreciado pela Câmara, estabelecendo a contratação de temporários até a realização do concurso.

O terceiro veto, que foi derrubado por seis votos contra quatro, se referia à equiparação salarial dos demais servidores.

O artigo, no entanto, é inconstitucional e o Executivo já prepara uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) para manter o veto.

 

CORPORATIVISMO

 

Enquanto Executivo e vereadores não se entendem sobre o projeto, muitas pessoas estão sem atendimento médico, as filas na Policlínica e na Clínica da Mulher e da Criança são enormes, muitos pacientes procuram o Pronto Atendimento Municipal porque não tem atendimento na Policlínica e na Clínica da Mulher e da Criança, congestionando o PA.

Os médicos estão sendo acusados de corporativismo depois que um urologista e cirurgião pediu demissão na semana passada alegando ter sido pressionado pelos colegas a abandonar a prefeitura. Há mais de um mês, 16 médicos estão afastados do trabalho no serviço público.

A pressão seria para encurralar a prefeitura forçando-a a realizar concurso público.

 ?Nós somos obrigados a realizar concurso público. O Termo de Ajuste de Conduta (TAC assinado entre prefeitura e Ministério Público em dezembro passado) prevê contratações emergenciais e o concurso público?, refuta a secretária municipal de Saúde, Telma Bley, que preferiu não entrar no mérito da questão a fim de evitar um conflito maior.

 ?Estamos resolvendo da forma que dá, estão vindo novos médicos, semana que vem, receberemos mais dois (médicos)?.

Um médico confidenciou a reportagem que realmente procurou o urologista que pediu demissão na semana passada, mas que não o pressionou, apenas sugeriu sua demissão como meio de defender os interesses da classe que, no momento, seria a realização do concurso.

No início dessa semana, mais um médico teria sido pressionado a abandonar a prefeitura.

?Se existe corporativismo, não estamos falando da maioria porque a maioria quer o bem do paciente e está conosco?, esclarece Telma.