Nutricionistas estão cada vez mais atentas para a alimentação escolar
CANOINHAS
“Está crescendo, e muito, o número de crianças diabéticas”, alerta a enfermeira responsável pelo Programa de Diabetes e Hipertensão da Policlínica de Canoinhas, Luzia Wrubleski. O programa reúne hoje cerca de 1,5 mil diabéticos. Destes, pelo menos 30 são crianças até 12 anos, mas não há uma estimativa oficial. Luzia lembra que um estudo do Ministério da Saúde apontou que pelo menos 7% da população sofrem de diabetes. Considerando que Canoinhas tem 52 mil habitantes, pelo menos outras duas mil pessoas têm a doença, mas não sabem.
A descoberta, geralmente se dá no período escolar, enfatiza a orientadora educacional Odilza Beatriz Corrêa, que coleciona algumas histórias de alunos que apresentam sintomas de diabetes na escola. Casos que por muitas vezes se tornam dramáticos, quando as crianças sofrem crises que levam a desmaios e convulsões. Odilza se lembra de casos como o de uma menina que teve a diabetes detectada depois de uma crise na escola. Extremamente retraída, a menina passou a trazer lanche de casa e pouco se relacionava com os colegas e professores. Conversando com a mãe da criança, Odilza descobriu que o pai não aceitava a doença, obrigando a mãe a medicá-la escondido. A resistência do pai influenciava a filha que chegou a dizer a orientadora que preferia morrer a tratar a doença. Hoje, aos 12 anos, está tão acostumada que já aplica suas próprias injeções. A mudança de comportamento teve participação decisiva da escola. “Chamamos uma nutricionista e conversamos com os pais”, conta Odilza.
De acordo com a psicóloga Herica Withoeft, é justamente no período escolar que a criança começa a desenvolver aspectos importantes da sua psicologia, por isso precisa de apoio integral dos pais, professores e colegas. Dessa forma, a atitude dos pais pode ser crucial para o desenvolvimento da personalidade. No caso de uma criança doente, a questão fica ainda mais complexa. “Os pais têm de se informar e ficar atentos a qualquer sintoma que demonstre que a criança não está bem”, aconselha Herica.
MUNICÍPIO PREOCUPADO
Segundo a Secretaria de Educação de Canoinhas, há oficialmente nove casos de alunos diabéticos em toda a rede pública do município. Cristiane Herbst Mota, nutricionista responsável pela merenda escolar distribuída nas escolas, conta que essas crianças recebem uma alimentação diferenciada, composta por alimentos diet ou light, rica em cálcio e carboidratos. Todos os casos são do tipo 1.
Professores são orientados sobre os sintomas e comunicam imediatamente os pais quando percebem que há algo de errado com a criança. “É perfeitamente possível conviver com o diabetes, desde que se aprenda a viver com as limitações da doença”, frisa Luzia.
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