Agora jovens tem prioridade; campanha busca estimular doação
Gracieli Polak
CANOINHAS/TRÊS BARRAS
Exatamente um ano. Esse foi o tempo de espera porque passou o padre da Paróquia de Canoinhas, Luiz Marcelo Fvardovski, na fila por um rim compatível. Transplantado há quatro meses, o religioso ainda preserva as marcas deixadas pela diálise em seu braço, assim como a lembrança de outros pacientes que não sobreviveram à espera. “Só quem passa por isso sabe como é, um martírio”, conta. Na espera por uma chance como a que teve o padre, mais de 63 mil pessoas no País estão cadastradas para receber um novo órgão.
Na tentativa de aumentar o número de doadores, o Ministério da Saúde anunciou, na quarta-feira, 21, um pacote de ações que deve investir, somente em 2009 e 2010, R$ 24 milhões. Além do incentivo à doação, novas normas técnicas foram divulgadas, entre elas a priorização de menores de idade no recebimento de órgão de pessoas da mesma faixa etária. A medida, polêmica, divide opiniões. Quem tem mais direito à vida?
Para Fvardovski, é complicado traçar uma opinião. Ele acredita que as novas regras são seriam prejudiciais para ninguém se as pessoas doassem órgãos. “Existem tantas mães, tantos pais na fila de espera. Eles também precisam”, diz. Para a professora Cassiane Rodrigues, na fila por um transplante de córnea, a preferência por uma faixa etária pode significar mais tempo de espera. “Por isso é preciso reforçar o pedido para que as pessoas doem, que a família respeite a vontade dos doadores”, diz.
FILA RELATIVA
Para a enfermeira da Fundação Pró Rim da unidade de Mafra, Bernadete Copanski, as novas determinações do MS em relação à prioridade na fila para o transplante não são necessariamente novas e não devem alterar em muito a situação de quem vê na espera a chance de ter melhor qualidade de vida.
Bernadete esclarece que o principal critério para a escolha de uma pessoa para o recebimento do novo órgão é a compatibilidade entre o doador e o receptor, não a posição na fila. “O transplante depende muito do painel de rejeição de quem precisa do órgão. Aquele que tiver menos chances de rejeitar o novo órgão é selecionado”, explica.
Somente em Mafra, 18 pessoas de Canoinhas fazem diálise e esperam por transplante de rim. No primeiro semestre deste ano, o número de transplantes de órgãos de doadores falecidos aumentou 24% no País em relação ao mesmo período de 2008.
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