O mais grave é o de um menino de dois anos que está isolado na pediatria do Hospital Santa Cruz
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
Uma placa em um dos quartos da ala pediátrica do Hospital Santa Cruz, de Canoinhas, avisa: “área de isolamento”. O que pode parecer um procedimento comum em hospitais chama atenção para uma das mais assustadoras epidemias que o mundo já viu. No quarto está internado desde terça-feira, 28, um menino de dois anos com sintomas do vírus H1N1 que já foi conhecido por pelo menos por outros dois nomes – gripe suína e Influenza A.
O menino apresenta o quadro mais delicado em um grupo de cerca de 15 pessoas (o número não é exato porque novos casos aparecem e outros são descartados diariamente) suspeitos de terem sido infectados com o vírus em Canoinhas. A incerteza se dá pelas semelhanças que o H1N1 tem com a gripe comum. Para se certificar, a Vigilância Epidemiológica do município conseguiu mandar para o Laboratório Central de Saúde Pública de SC (Lacen) amostras de secreção de três pacientes, incluindo o menino internado. O resultado deve sair na próxima semana, segundo a enfermeira Iolanda Ruthes da Silveira. A orientação do Ministério da Saúde, no entanto, é de que desde que o vírus começou a circular no País, ou seja, não depende de pessoas que venham do exterior para se proliferar, não há motivo para confirmar os casos.
O isolamento dos pacientes com suspeita de hospedar o vírus deve durar sete dias e pode ser em casa mesmo, isso porque conforme insiste o Ministério da Saúde, a possibilidade de morrer por conta da doença é a mesma possibilidade que oferece a gripe comum. Somente casos críticos vão para o Hospital. “Em Canoinhas não há motivo para alarme”, garante a secretária municipal de saúde Telma Bley. A secretária, no entanto, lembra que o vírus é pouco conhecido pelos cientistas e não há vacina. Os pacientes são tratados basicamente com um comprimido chamado Tamiflu. A medicação precisa ser receitada por um médico.
Segundo Telma, a Secretaria de Saúde deve imprimir panfletos explicativos sobre a doença que serão espalhados pela cidade.
PRIMEIRA VÍTIMA
Um homem de 44 anos morreu no domingo, 26, em São Bento do Sul, a 120 quilômetros de Canoinhas, com sinais da doença. No sábado à noite, ele havia sido transferido para o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville.
Atendido no hospital Sagrada Família, em São Bento, sentia dificuldade para respirar, além de febre alta, de 39º, e tosse. A saúde do homem se agravou em um dia.
No sábado de manhã, ele já tinha procurado o hospital por causa da febre alta e dor de garganta. Medicado, voltou para casa. Piorou à tarde e foi novamente levado ao hospital pela família.
Segundo a gerente da vigilância epidemiológica de São Bento, Cristiane Seestren, ele foi medicado com o antiviral da gripe A antes de ir para Joinville.
O homem era diabético e teve hepatite A há alguns anos. Não foi ao exterior nem teve contato com pessoas que foram. A única viagem recente foi a Corupá. Os quatro familiares que moravam com ele e outros 19 parentes estão sendo monitorados pela vigilância. Nenhum tem sintomas de gripe.
Após a morte, o município ampliou o monitoramento de casos de gripe e está atendendo a pacientes com febre acima de 38º e tosse. Ainda não saiu o resultado do exame feito na vítima. Outras cinco mortes de pessoas com suspeita de gripe A estão sendo investigadas em SC. A morte mais antiga ocorreu há 14 dias, mas não há resultado. Segundo a Secretaria de Saúde, há poucos laboratórios que fazem o exame, por isso não há previsão para o resultado.
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