Equipe do Hospital Santa Cruz organiza campanha de conscientização para as famílias de potenciais doadores

 O Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC) está na lista dos hospitais que captam órgãos desde 18 de outubro do ano passado. Agora, o neurocirurgião, doutor Andrei Leite de Morais, e uma equipe de enfermeiros organizam uma campanha de conscientização para a doação de córnea, captação que a equipe do HSCC já está preparada a fazer.

Diferente da captação de órgãos, que precisa da confirmação de morte encefálica, a córnea, sendo um tecido, pode ser captada depois de parada cardíaca. O enfermeiro, Ricardo Gaieviski, explica que, apesar de o paciente deixar em vida que quer ser doador de órgãos e tecidos, a família precisa autorizar. “E essa é a principal barreira. As pessoas ainda têm receio, falta informação, e é isso que queremos trabalhar aqui”, diz.
A córnea é uma membrana do olho através da qual é possível enxergar. Ela é como uma lente, que não tem vascularização, não tem contato com sangue. Por esse motivo, a compatibilidade é maior, apenas restringindo doadores com doenças infectocontagiosas e com infecções sanguíneas. Os doadores podem ter entre 2 e 75 anos e, para Gaieviski, a faixa é significativa, pois a média de idade entre os óbitos é de 50 a 60 anos.
Os tecidos captados aqui serão levados para o Hospital São José, de Joinville, que possui um Banco de Olhos. As córneas ficam à disposição de todo o Estado. Em Santa Catarina, 542 pacientes estão na fila para receber transplante de córnea.
O Estado é o primeiro lugar no ranking de transplantes de órgãos e tecidos no Brasil pela sétima vez. A média nacional é de 13,3 doadores por um milhão de habitantes, enquanto Santa Catarina tem 26,8 doadores/milhão. “O HSCC vai conseguir figurar uma posição positiva até o fim do ano”, afirma Gaieviski.
 
CAPTAÇÃO
Apesar de querer estabelecer um bom número de captações no Hospital, o neurocirurgião afirma que a maior felicidade da equipe é quando o paciente não chega à captação e apresenta recuperação clínica.
A família tem direito de pedir para doar apenas uma das córneas, mas não tem direito de exigir para quem será doado. “Não tem como furar a fila de receptação do órgão”, comenta o enfermeiro. Segundo ele, também, a família não precisa ter medo ou insegurança de autorizar a doação porque o trabalho todo é muito sério. “Não aparece nada no corpo do paciente doador. Também fizemos uma reunião com as funerárias para explicar o nosso procedimento.”
A captação dura em torno de 40 minutos e pode ser feita até 6 horas depois do óbito.
As pessoas que precisam de transplante de córnea apresentam, geralmente, opacidade na visão. Para o transplante, é feito o corte da córnea no tamanho que o paciente precisa. Com a sutura, a córnea do doador se integra ao olho do receptor.