E-mail da Secretaria da Saúde condenando atitude do HSC foi criticado pelo vereador Vagner Trautwein (PSDB) na Câmara
CANOINHAS ? Mesmo sem ter sido publicado, um e-mail enviado pela assessoria de imprensa da prefeitura de Canoinhas a todos os jornais e rádios da região, rendeu muita polêmica durante a semana.
No e-mail, a Secretaria da Saúde condena a atitude da enfermeira Rosi Dirschnabel em relação a um paciente no dia 28 de julho. O e-mail acusa a enfermeira de ?descaso com um paciente etilista?. O HSC ?não teria suporte ou estrutura física para manter o paciente?, teria sido dito por Rosi, embasada em diagnóstico do médico dr. Marcos Debiasi.
VERSÃO DO CAPS
Viviane Aparecida Stang trabalha no Centro de Apoio Psicossocial (Caps) desde 1998, sendo inclusive uma das responsáveis pela implementação do Centro em Canoinhas. Hoje é coordenadora geral do Caps. A equipe é composta por enfermeira, assistente social, psicólogo, recepcionista e auxiliares. M.C.D., 42 anos, há alguns anos foi um dos pacientes do Centro, que trabalha invariavelmente com dependentes químicos, alcoólatras e marginalizados. A ótima memória de Viviane, segundo ela, foi o que a fez se recordar de M.C.D., quando a enfermeira Rosi telefonou para ela a fim de se aconselhar sobre o que fazer com o homem, que estava há três dias internado no Hospital Santa Cruz e que, por problemas de agitação possivelmente provocados por abstinência de álcool, havia sido recomendado pelo dr. Marcos Debiasi que fosse internado em um hospital psiquiátrico. Cabe ao Caps esse tipo de encaminhamento. Viviane diz que respondeu a Rosi que não havia vaga para internamento no Hospital H.J., de União da Vitória, referência do Caps. ?Questionei o motivo do internamento e ela (Rosi) me disse que ele havia sofrido um acidente?, conta Viviane.
Para resolver o problema, Viviane diz ter sugerido a transferência para o Hospital Felix da Costa Gomes, em Três Barras que, por vezes, aceita pacientes encaminhados pelo Caps.
Rosi concordou e Larita Knoryk, assistente social do Caps foi ao HSC acompanhar a transferência do paciente. Diz que ao chegar no HSC encontrou um quadro diferente do narrado por Rosi. ?Ele estava totalmente dependente, usando fraldas, parecia não saber onde estava e não andava?, diz Larita.
M.C.D. já havia recebido alta, assinada por um primo que saiu antes da chegada de Larita. Dessa forma, a assistente social trouxe o paciente para o Caps, onde M.C.D. foi avaliado pelo médico da instituição. O médico teria diagnosticado uma pneumonia no paciente que acabou sendo internado na UTI do HSC. ?Naquele momento (quando M. estava no Caps), todos ficaram horrorizados, achamos que ele corria risco de morte?, afirma Viviane.
M.C.D. passou três dias na UTI, e acabou sendo transferido pela família para uma Comunidade Terapêutica em São Bento do Sul.
?Não queremos prejudicar ninguém, somos a favor do paciente. Se esse fosse o primeiro caso, mas estamos cansadas de injustiças?, finalizou Viviane.
VERSÃO SEMELHANTE
Rosi diz que seguiu orientações do médico que tratou de M., dr. Marcos Debiasi, e que Viviane havia mandado ela encaminhar o paciente ao Caps. ?Não posso questionar o diagnóstico médico?, justifica.
Rosi disse ainda que acha toda a polêmica criada em torno da situação, muito desgastante. Ela pretende processar a Secretaria da Saúde por conta do e-mail. ?Não tenho nada a esconder?, afirmou.
DEFESA NA CÂMARA
Vereador Vagner Trautwein (PSDB) defendeu Rosi e Debiasi na sessão de segunda-feira, 7, da Câmara dos Vereadores. Ele classificou de ?grave? a divulgação do e-mail emitido pela Secretaria da Saúde. ?Analisei prontuários e verifiquei que foi um grande equívoco. Falta de interesse da prefeitura em procurar a verdade?, atacou. Trautwein elogiou Rosi e Debiasi qualificando-os como pessoas ?íntegras e sérias, que merecem respeito?. O vereador, que também é médico, disse que viu o raio-x dos pulmões de M. e que nada havia de errado. ?O paciente recebeu alta do HSC, mas continuaria sendo atendido em um hospital psiquiátrico?, justificou.
Trautwein pediu ainda que a Secretaria da Saúde se retrate com Rosi e Debiasi.
Fontes ligadas ao HSC confirmaram que M., embora estivesse com problemas de saúde, não estava com pneumonia e que ele foi internado na UTI simplesmente por que não havia leito em quartos comuns.
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