Ambulatório de Epidemiologia de Canoinhas realiza o tratamento de 140 pacientes da região

Com a proximidade do carnaval, o debate em relação às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) se intensifica. Na região, são 140 casos de pacientes que realizam o tratamento para a AIDS no Ambulatório de Epidemiologia de Canoinhas. Na proporção entre população e número de casos registrados, Três Barras lidera o índice com 0,26% da população em tratamento. São 47 moradores da cidade registrados na região. Canoinhas apresenta um número ainda maior: um total de 78 casos. No entanto, o percentual relacionado ao número da população é de apenas 0,14%.

            Mesmo com o índice superior aos outros municípios da região, Três Barras e Canoinhas apresentam níveis inferiores à média nacional, que é de 0,39%. No Ambulatório de Epidemiologia de Canoinhas, também são atendidos pacientes de Bela Vista do Toldo, Major Vieira, Irineópolis, Papanduva e Timbó Grande.

TESTE RÁPIDO

            Segundo a enfermeira de vigilância epidemiológica, Josiane Galeski, os pacientes que realizam o tratamento no ambulatório normalmente vêm encaminhados de outras unidades de saúde ou tratamentos médicos após a detecção com o teste rápido de HIV. O exame é semelhante a uma medição de glicose: o paciente tem uma amostra de sangue coletada pelo dedo e em poucos minutos tem acesso ao resultado. Além do exame para HIV, o teste rápido também está disponível nas versões para detectar a presença de Sífilis, Hepatite B e Hepatite C. Após o resultado positivo, os pacientes passam por exames comprobatórios da presença do vírus e iniciam o tratamento.

            Josiane relata que, com a existência do teste rápido, o diagnóstico tem sido realizado de maneira precoce na maioria dos pacientes, o que auxilia no tratamento. Antigamente, os testes para a detecção de DSTs levavam entre 15 e 30 dias para apresentarem resoluções. Por esse motivo, muitas pessoas só descobriam a doença em níveis mais críticos: "Antigamente só descobria na fase do emagrecimento e das doenças oportunistas. Hoje em dia, com o teste rápido, isso mudou consideravelmente", relata. A técnica em enfermagem do ambulatório de epidemiologia, Rosiclei Martins, destaca a importância de procurar o teste rápido, que não necessita de prescrição médica: "Não é preciso ir no médico, basta procurar a unidade de saúde e pedir para fazer". O teste rápido está disponível nas unidades de saúde municipais.

            A equipe do ambulatório de epidemiologia também tem realizado ações de conscientização e aplicação do teste. A mais recente ocorreu no dia primeiro de dezembro de 2016, data marcada pela luta mundial contra a AIDS, em que profissionais realizaram o exame no calçadão de Canoinhas. Além das ações em parceria com clubes de serviço, como o Rotary e o Lions Club, o ambulatório também trabalha com medidas próprias. Uma delas é a realização de testes rápidos em bares e pontos de prostituição do município. "Nós temos ido para fazer essa atividade com as profissionais para realizar a detecção precoce das doenças", relata.

TRATAMENTO

            A AIDS ainda possui uma grande carga de preconceito em todo o mundo. Na região, não é diferente. A enfermeira afirma que grande parte dos pacientes que procuram o ambulatório possui preconceito acerca da doença. "No início, há aquela questão do preconceito e do medo de morrer. Os pacientes chegam cheios de dúvidas, muitos já perguntam sobre a cura", relata. Apesar de representar um baixo índice, existem também pacientes que relutam em realizar o tratamento: "A gente vai na casa e faz o aconselhamento. Alguns até retornam depois de ficarem doentes. Mas é uma taxa muito baixa, entre um a três pacientes ao longo de todo o tempo de programa", relata.

            O programa de tratamento do HIV em Canoinhas já existe há 20 anos. Josiane relata que o primeiro paciente da unidade, registrado em 1997, continua frequentando o ambulatório. "Isso mostra que, com o tratamento, o paciente pode levar uma vida normal", informa. A medicação antirretroviral, utilizada no tratamento dos pacientes com HIV, atualmente também está mais prática e provendo menos efeitos colaterais. Segundo a enfermeira, a nova dosagem consiste em um único comprimido com efeito três em um, que substitui o grande coquetel utilizado em diversos horários do dia. Ela afirma que atualmente cerca de 80% dos pacientes utilizam o medicamento.

            PREVENÇÃO

            O principal meio de prevenção do HIV é o uso de preservativos. Para este carnaval, a gerência regional de saúde de Canoinhas distribuiu 131 mil camisinhas para as unidades de saúde que atendem os municípios da região. A procura, segundo a enfermeira, é bastante grande. No entanto, ela acredita que a adesão ainda tem que crescer: "Muitas vezes as pessoas se preocupam mais com a gravidez e deixam de lado as DSTs, principalmente porque existe tratamento, então se tornou uma situação banalizada".

            Josiane também chama a atenção para o número crescente de tratamentos de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis. Segundo ela, atualmente o ambulatório trata um número maior de casos de Sífilis do que de HIV. No entanto, como a doença tem cura, os pacientes costumam realizar o acompanhamento necessário e não retornam ao ambulatório. Casos de Hepatite B e Hepatite C também são registrados em Canoinhas. A enfermeira destaca a contaminação por meio de tatuagem e alicates de cutícula, que tem ocorrido de forma frequente nestas doenças.