Objetivo é a prevenção do câncer de colo do útero, do qual o HPV é responsável pelo desenvolvimento em 70% dos casos
A partir de segunda-feira, 10, meninas com idades entre 11 e 13 anos serão vacinadas contra o Papilomavírus Humano (HPV). A administração da vacina vai acontecer nas escolas públicas e privadas do município, com um público-alvo estimado em 1.400 adolescentes canoinhenses. A decisão, anunciada pelo Ministério da Saúde, vai beneficiar 100.013 meninas em Santa Catarina. No Brasil, a meta é vacinar 80% do público-alvo, estimado em 3,3 milhões. Serão investidos R$ 360,7 milhões na aquisição de 12 milhões de doses.
A vacina quadrivalente, imunizando para o HPV dos tipos 6, 11, 16 e 18, entra neste ano no Calendário Nacional de Vacinação e, por isso, a introdução será realizada em forma de campanha. A segunda dose será em setembro, depois de seis meses. As duas primeiras doses serão aplicadas nas escolas e também nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). A terceira e última dose será feita com cinco anos da primeira dose, em março de 2019, e será realizada apenas nas UBS.
O principal objetivo da vacinação é a prevenção do câncer de colo do útero. A infecção pelo HPV é muito frequente, embora seja transitória, regredindo espontaneamente na maioria das vezes. No pequeno número de casos nos quais a infecção persiste pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras que, se não forem identificadas e tratadas, podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca. Assim, o Ministério da Saúde também pretende reduzir a mortalidade e a incidência da doença. A meta é vacinar 80% do total de meninas na idade de cobertura da campanha, mas a enfermeira Iolanda Ruthes Silveira está confiante de que a meta será fácil de alcançar em Canoinhas. “Como vamos trabalhar em conjunto com as escolas, vacinando nas instituições, conseguiremos atingir um número bem expressivo. Pode não ser 100%, mas chegaremos bem perto disso”, diz.
HPV
O Papilomavírus Humano (HPV) é capaz de infectar a pele e as mucosas. São mais de 150 tipos diferentes de HPV. Entre eles, 40 podem infectar os órgãos genitais e, destes, 12 são de alto risco e podem causar câncer ou verrugas genitais.
De acordo com a médica Giselle Kluppel Lima, a principal forma de transmissão do HPV é por meio do contato sexual. “É a doença sexualmente transmissível mais frequente”, comenta. A maioria dos subtipos do HPV está ligada a lesões benignas, como verrugas. Porém, dois deles (o tipo 16 e o 18) respondem por 70% dos casos de câncer. A cada ano, 270 mil mulheres morrem por conta do câncer de colo do útero.
A infecção também pode acontecer nos homens, mas a manifestação clínica é menos frequente. Mesmo assim, estima-se que metade da população masculina esteja infectada pelo vírus.
Segundo o Ministério da Saúde o impacto da vacinação, em termos de saúde coletiva, se dá pelo alcance de 80% de cobertura vacinal. Ao se atingir altas coberturas vacinais, poderá ocorrer uma “imunidade coletiva ou de rebanho”, ou seja, há a possibilidade de redução da transmissão mesmo entre as pessoas não vacinadas.
Porém, para Giselle, é muito difícil erradicar por completo a infecção. Segundo ela, o tratamento procura reduzir ou eliminar as lesões causadas pelo HPV. “No entanto, a prevenção é a mais eficaz.”
IDADE
Neste ano, a faixa etária que vai receber a vacina é de 11 a 13 anos. No ano que vem, serão vacinadas as meninas entre 9 e 11 anos. Já em 2016 e nos seguintes, meninas com 9 anos sempre com reforço depois de cinco anos.
A vacina para prevenção da doença tem eficácia comprovada para pessoas que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus. A escolha do público-alvo levou em consideração evidências científicas, estudos sobre o comportamento sexual e a avaliação de especialistas que atuam no Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI), vinculado ao Ministério da Saúde.
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