André Bazzanella viajava com destino a Porto União para lecionar
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
O filósofo André Bazzanella, 33 anos, professor de diversos cursos da UnC Canoinhas/Porto União e articulista do CN, morreu na sexta-feira, 16, depois de colidir o automóvel Corsa que dirigia, de propriedade da UnC, no Km 277 da SC-280. Ele viajava em direção a Porto União, onde ministraria aulas para o curso de Direito da UnC, quando bateu contra um caminhão Volkswagen, placas de Porto União, conduzido por Raimundo Heineck. Conforme informações da Polícia Rodoviária, Bazzanella teria invadido a pista contrária. Como a batida pegou somente a parte do motorista, deduz-se que ele teria tentado tirar o carro da pista quando foi surpreendido pelo caminhão. Uma das hipóteses é que o professor tenha tentado desviar um dos inúmeros buracos que transformam a pista numa das mais críticas e perigosas da região. Desde que o Governo Federal sinalizou com a intenção de federalizar a rodovia, o Estado não realiza manutenção na pista. A situação é de abandono.
Bazzanella chegou a ser atendido com vida, mas morreu poucas horas depois no Hospital São Braz, em Porto União. O motorista do caminhão não se feriu.
CONCEITO
A morte de Bazzanella chocou a comunidade acadêmica. “Particularmente perdi um amigo raro de se encontrar, Para a UnC a perda é insuperável, pelo bom caráter e intelectualidade. Perdemos massa crítica. Mais que um professor, André era um intelectual emergente”, assinalou o professor Dr. Walter Marcos Knaessl Birkner. Alunos prestaram várias homenagens ao professor que foi sepultado em Ascurra - a 40km de Blumenau –, sua terra natal. “A sua morte demonstra o absurdo existencial ao qual estamos submetidos”, externou o ex-aluno Leandro Rocha. André havia casado em janeiro deste ano e estava morando em Canoinhas.
Graduado em Filosofa pela Fafimc, pertencente a PUC de Porto Alegre, com licenciatura em História e Psicologia, foi mestre em Educação e Cultura pela Udesc. Iniciou sua carreira profissional lecionando Filosofia e História no Ensino Médio de escolas públicas e particulares em cidades próximas a Ascurra, como Indaial, Timbó, Pomerode e Rodeio. Em 2002 iniciou suas atividades no meio acadêmico lecionando filosofia na Furb, em Blumenau, Fameg em Guaramirim, Uniasselvi em Blumenau, Fameplan e UnC - Canoinhas. Seus interesses de estudo e pesquisa na filosofia articulavam-se em torno de filósofos como Imannuel Kant, Friedrich Nietzsche e Albert Camus, e em áreas da filosofia como cosmologia, ética, estética e política. Publicou inúmeros artigos acadêmicos em revistas de circulação nacional e estadual. Preocupado com a preservação da memória dos imigrantes italianos que fundaram a cidade de Ascurra era pesquisador da cultura italiana no município, publicando vários trabalhos nesta área em jornais da região. “Professor dedicado, pesquisador incansável, amante do conhecimento, era um jovem entusiasmado pela vida, pela natureza e pelos seres humanos, o que se revelava no intenso respeito e prestigio de que dispunha nos locais e instituições em que atuava”, relata o irmão e também professor Sandro Bazzanella. Para ele, a fatalidade representa uma perda inestimável em todos os sentidos e especificamente no meio acadêmico e intelectual catarinense. “Seu exemplo de empenho e dedicação à cultura, ao saber filosófico, histórico, sua aposta nos seres humanos fica como exemplo a todas as pessoas de que acreditam e vivem intensamente a vida no tempo presente”.
Em sua última contribuição com o CN, André escreveu em conjunto com o irmão e o ex-aluno Leandro Rocha, artigo intitulado A concepção de Estado de FHC (Sala D de 25/09), que versava sobre a trajetória intelectual e política do ex-presidente.
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