Prefeitura nega informações e diz que só vai se pronunciar depois da conclusão do inquérito

A prefeitura se nega a falar sobre o acidente e não confirma nem nega a informação de que o motorista do caminhão, Antoniel Vicente de Lima, seria contratado como operador de máquinas e não como motorista.

O secretário de Administração, Argos Burgardt, garantiu que a prefeitura irá se pronunciar sobre o assunto somente depois que a perícia for concluída.

Ele se limitou a dizer que o motorista trazia pedras britas da localidade de Rio do Pinho com direção ao bairro Alto da Tijuca. Argos negou que o funcionário público tenha tido um enfarte. ?Ele está bem?, garantiu. Lima ficou internado no Hospital Santa Cruz até terça-feira, 17. Em nota para a imprensa, o Corpo de Bombeiros relatou que encontrou Lima em estado de choque no local do acidente, mas não faz referência a problema cardíaco.

A reportagem do CN esteve na casa de Lima na quarta-feira, 18, mas a encontrou fechada. Sua filha, que mora em uma casa próxima a do pai, disse ao CN que não sabia aonde ele estava e nem quando ele poderia receber a reportagem.

O secretário de Obras, João Alves dos Santos, também se negou a falar à reportagem. ?Falem com a assessoria de imprensa ou a Janaina (assessora jurídica da prefeitura)?.

Janaina disse que está orientando Lima a pedido do prefeito Leoberto Weinert.  Ela negou a possibilidade de ter orientado Lima a não falar com a imprensa. ?Não podemos responder nada para ninguém?, disse a assessora jurídica da prefeitura.

Segundo a advogada, o delegado regional Getulio Sherer deve ouvir os envolvidos no acidente na próxima semana. ?Qualquer juízo de valor pode expor alguém desnecessariamente?, considerou.

O CN procurou o setor de recursos humanos da prefeitura para apurar em que cargo o motorista do caminhão está lotado. Jonas Lima, responsável pelo setor, disse que passaria a informação somente sob ordem de Burgardt. O secretário da Administração disse à reportagem que no momento a prefeitura não forneceria a informação e voltou a dizer que um pronunciamento oficial será feito com a conclusão da perícia.

Uma fonte ligada a Secretaria de Obras que não quis se identificar garantiu à reportagem que conhece Lima há anos e que sempre soube que ele é operador de máquina.

 

DESVIO DE FUNÇÃO

 

Caso seja comprovado o desvio de função em relação a Lima, a prefeitura pode ser condenada a pagar indenização ao motorista, caso ele decida entrar na Justiça a fim de reaver os ganhos que teria como adicionais pela função extra.

Segundo a advogada Rosaura Tonelli Lóra, ?o empossado em cargo público só pode vir após a habilitação em concurso público. Porém o Poder Público deve pagar as diferenças salariais provenientes do desvio de função, sob pena de locupletamento (lucro à custa alheia) indevido do município?, observa.