João Alexandre Artner, 30 anos, é considerado pela Polícia um dos maiores golpistas que Canoinhas já viu
CANOINHAS ? Dezenas de canoinhenses amanheceram mais leves na segunda-feira, 26. A prisão de João Alexandre Artner, 30 anos, pela Polícia Civil, renasceu a esperança de que a justiça ainda pode ser feita. Pelo menos 25 pessoas movem processos judiciais contra Artner. Esse número, garante o comissário Levi Rosa Peres, aumentaria consideravelmente se todas as pessoas que Artner enganou decidissem entrar com ação contra ele.
Como não é mais réu primário, Artner foi conduzido no mesmo dia para o Presídio Regional de Mafra, onde ficará preso aguardando julgamento.
ESTILO
Os golpes que Artner aplicou na cidade eram bem característicos. Com uma boa aparência, falando manso e corretamente, ele se apresentava a suas vítimas como analista de sistema, funcionário da Rigesa ou da Universidade do Contestado (UnC). Ele nunca foi funcionário de nenhuma dessas empresas. Mostrando-se interessado em comprar algo, geralmente ele usava a fachada de ?bom moço? para lhe dar credibilidade com o comerciante, a quem convencia a lhe vender fiado sob a alegação de que estava desprevenido de dinheiro e que faria um depósito bancário na conta do comerciante.
Artner voltava ao estabelecimento tempo depois com o comprovante do depósito bancário. Em alguns casos, Artner apresentava comprovantes com valores acima do gasto, conseguindo assim, troco dos comerciantes.
Quando tiravam extrato de suas contas, os comerciantes descobriam que não houve depósito algum em suas contas por parte de Artner.
Como os bancos costumam conferir os depósitos fora do horário bancário, quando a fraude era descoberta, Artner já estava longe do estabelecimento em que aplicou o golpe.
Vários comerciantes procuraram a Polícia nos últimos sete anos para registrar queixa contra Artner, mas como a maioria dos golpes aplicados por ele era de valores pequenos, muitas vítimas preferiram ficar no silêncio.
Dessa forma, dentre os muitos golpes que Artner aplicou ? alguns falam em mais de 200 ? 25 estão discriminados em processos no Fórum de Canoinhas. Esses processos tramitam desde 1997.
Um dos entraves dos processos, era a dificuldade em encontrar Artner. Fugindo de suas vítimas ele mudava de casa constantemente, tornando impossível ser intimado.
EXEMPLOS
Entre os muitos golpes aplicados por Artner, o jornal Diário do Planalto denunciou em julho desse ano uma série de exemplos. Segundo a matéria, os golpes de Artner iam desde encomendar uma estante de aço e pagar por meio de depósitos falsos acima do valor da mercadoria a fim de ganhar troco até estadia no Santa Catarina Plaza Hotel, de onde desapareceu depois de uma semana de mordomias para ele, a mulher e a filha. Desapareceu sem pagar a conta, é claro.
A ousadia de Artner ia além. Quando sua filha nasceu, no Hospital Felix da Costa Gomes, em Três Barras, ele a hospedou em quarto particular, com o melhor tratamento que o Hospital poderia oferecer. Quando a mulher recebeu alta, ele apresentou um recibo de depósito de R$ 2,5 mil, falso como sempre.
Os golpes variavam. Para pagar o aluguel do Canoinhas Tênis Clube onde fez a festa de aniversário da filha, Artner usou um cheque roubado de R$ 500. Outra contravenção que Artner costumava praticar era o de alugar e não devolver. Desse golpe foram vítimas locadoras de vídeos e uma lavadora industrial que loca máquinas de cortar grama.
Na carceragem da Delegacia de Canoinhas, na segunda-feira, enquanto aguardava a transferência para Mafra, Artner escondeu o rosto e se recusou a falar com nossa reportagem.
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