Gláucio Henning foi condenado a 15 anos de prisão
MAJOR VIEIRA ? O tribunal de Júri Popular do Fórum de Canoinhas, presidido pelo juiz Gustavo Henrique Aracheski, condenou o ex-vereador de Major Vieira, Gláucio Henning, a 14 anos de prisão em regime fechado por co-autoria na morte do também ex-vereador Jair Iarrocheski, em abril de 2005 e a um ano de prisão pelo seqüestro de Iarrocheski e de seu empregado, o jovem Diego Fillus.
Henning negou a participação no crime durante todo o julgamento na terça-feira, 31.
Fatos irrefutáveis como o aluguel da casa que abrigou os assassinos confessos de Iarrocheski e 48 telefonemas de Henning a Edinei Lopes de Souza, preso pelo assassinato, dias antes do crime, complicaram o ex-vereador.
Edinei, que já havia sido condenado por um latrocínio e fez parte de uma quadrilha de roubo de veículos de Curitiba, estava morando na casa onde os policias encontraram R$ 10 mil em dinheiro e documentos do veículo Santana, roubado em Curitiba, que supostamente teria sido utilizado no seqüestro da vítima.
Na casa de Henning foram encontrados documentos relacionados à locação da casa. Ele alega que a esposa de Edinei era sua amante, e ele teria alugado a casa para ela.
OS MOTIVOS
Henning foi condenado por ser considerado mandante do crime. Em 20 de outubro de 2004, Iarrocheski, que era vizinho de Henning na localidade de Lageado Liso, denunciou a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) o vizinho, por crime ambiental.
A Fatma apurou que mais de mil metros cúbicos de árvores nativas foram derrubadas em uma área de aproximadamente 360 hectares.
Henning havia arrendado a propriedade do fazendeiro Nicolau Langowski, residente em Rio Negro-PR.
O crime ambiental foi caracterizado como grave por existirem na propriedade árvores de araucária e imbuia, espécies ameaçadas de extinção. A área foi embargada pela Fatma que multou o vereador em R$ 500 mil. O proprietário das terras, Nicolau, também foi multado em R$ 500 mil. Esse foi um dos maiores flagrantes de corte ilegal de madeira na região, no ano passado. Teria sido este o motivo para Henning querer vingar-se de Iarrocheski.
Henning atuou como vereador de Major Vieira, ao lado de Iarrocheski na gestão 2000 a 2004.
Tanto Henning, quanto Edinei, mantiveram firme a declaração de que não têm nada a ver com o crime. Quando preso, no entanto, Henning teria dito em depoimento a Polícia, que não poderia revelar o verdadeiro mandante do crime, porque temia por sua vida. No julgamento, ele não assumiu a declaração.
No entanto, Diego Fillus, 19 anos, funcionário de Iarrocheski, seqüestrado com o patrão, reconheceu a voz de Edinei como sendo de um dos seqüestradores.
Outros dois suspeitos, Vantuir Ferreira de Araújo e Eloi Ferreira de Araújo, irmãos, que teriam fugido para Curitiba, também são acusados de participar do crime.
Eles continuam foragidos assim como Edinei, que depois de passar um ano no Presídio Regional de Mafra, fugiu na companhia de outros dois detentos em abril deste ano.
ENTENDA O CASO
A Polícia encontrou o corpo de Iarrocheski, três dias depois de seu seqüestro, em um rio na periferia de Lapa-PR.
Jair teve sua garganta cortada e não apresentava nenhum outro ferimento pelo corpo.
Jair, que conciliava as atividades de comerciante e lavrador, foi seqüestrado por três homens que bateram na porta de sua mercearia, na localidade de Lageado Liso, em Major Vieira, sob o pretexto de fiscalizar se o comerciante possuía armas de fogo. Diego Fillus, 19 anos, funcionário de Jair, atendeu os homens e os mandou entrar.
Ao entrarem no estabelecimento, os três apontaram armas a Diego e Jair. Depois de encapuzar os dois, os seqüestradores os levaram para fora da casa. Diego foi colocado no porta-malas de um veículo Santana, com o qual os seqüestradores chegaram ao local, enquanto que Jair foi colocado no banco traseiro.
Depois de darem inúmeras voltas, os seqüestradores pararam o carro. Foi quando Diego diz ter ouvido três estampidos de tiro e o barulho de algo caindo no chão.
Em seguida, os seqüestradores continuaram a viagem, até chegar a Rio Negro-PR, onde tiraram Diego do porta-malas e depois de discutirem o destino do refém, decidiram por soltá-lo, mandando-o correr, ainda com os olhos vendados. Um deles teria dito que Diego ?nada teria a ver com o caso?.
O Santana foi localizado no mesmo dia, sujo de sangue.
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