Pelo menos 30 pessoas de Canoinhas vão acompanhar um dos julgamentos mais esperados do ano; família está confiante

Edinei Wassoaski

CANOINHAS

 

Pelo menos 30 pessoas devem sair de Canoinhas na manhã de quinta-feira, 14, em um ônibus fretado rumo a Joinville. O objetivo é acompanhar o julgamento que está sendo considerado um dos mais importantes do ano no Brasil. No banco dos réus estará o pedreiro canoinhense Oscar Gonçalves do Rosário, 23 anos, acusado de matar Gabrielli Cristina Eichholz no dia 3 de março de 2007, depois de tê-la violentado.

Oscar está detido desde 12 de março no Presídio Regional de Joinville.

Gracilda Gonçalves do Rosário, mãe de Oscar, não disfarça o nervosismo ao falar do julgamento do filho. ?É duro para uma mãe ver o filho no banco dos réus sem dever, mas estou confiante?. A confiança é compartilhada com o marido, Osmar, os filhos e a família. Vizinhos também têm enviado mensagens de otimismo a Oscar.

Segundo Gracilda, as mensagens estão sendo absorvidas com entusiasmo pelo filho. ?Ele está certo de que vai conseguir sair de lá, reza todo dia pra isso acontecer?. A religiosidade, aponta Gracilda, foi uma das principais mudanças de Oscar desde que entrou na prisão. ?Ele diz que as pessoas que fizeram isso com ele deviam colocar a mão na consciência e pedir perdão a Deus?, revela a mãe. Ela conta que o primeiro desejo que o filho deve realizar quando sair da cadeia é visitar uma igreja.

Gracilda conta que ainda não se conformou com a prisão do filho. ?Ontem mesmo lembrei de como aconteceu a prisão dele e chorei muito?.

Desde a prisão do filho, Gracilda leva uma vida corrida. Duas vezes por mês, pelo menos, sai cedinho de casa e volta perto da meia-noite, tempo em que viaja em um ônibus de linha para Joinville. No dia seguinte, acorda cedo para trabalhar como diarista.

 

JÚRI TERÁ REGRAS ESPECÍFICAS

 

Com revista pessoal e limite de pessoas, para a entrada na sala do Tribunal, o julgamento de Oscar promete ser um espetáculo midiático.

À época da morte da menina, houve uma mobilização nacional, com repercussão em jornais como Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e reportagem no Jornal Nacional, da TV Globo. Gabrielli foi encontrada desacordada no tanque batismal da Igreja Adventista do Sétimo Dia, no bairro Jardim Iririú, e morreu logo depois de ser socorrida.

Oscar foi preso nove dias depois, na casa da família, em Canoinhas. No processo, ele é suspeito de violentar e matar a menina.

A tragédia provocou comoção por dois motivos: primeiro pela morte trágica da menina. Depois, pela dúvida se ela realmente foi assassinada ou se foi acidente.

Para o Ministério Público, não há dúvidas: a menina foi violentada e assassinada.

A defesa alega que foi acidente. Por causa da polêmica e curiosidade, a Justiça decidiu limitar o número de pessoas na sala do júri, além de tomar outras providências.

Serão 230 vagas: 20 delas para universitários, outras 20 para familiares da vítima e do réu, além de autoridades. A entrada da imprensa também será limitada.

Todas as pessoas que desejarem assistir ao júri, que será aberto ao público, terão de estar no Fórum na manhã de quinta-feira e pegar uma fila única. Serão distribuídas senhas. Todos serão revistados e passarão por um detector de metais.

Se por algum motivo alguém sair da sala, terá de entregar a senha, que dará lugar a outra pessoa.

A sessão está prevista para começar às 9 horas. Pode durar até 20 horas. Isso porque serão ouvidas quatro testemunhas de acusação e cinco de defesa.

A pena prevista para o crime de atentado violento ao pudor é de seis anos. Como a vítima tem menos de 14 anos, aumenta em três anos. O homicídio prevê 12 anos e aumenta em um terço por ser criança.