Em depoimento a Justiça, o empresário afirmou que muitas pessoas teriam se beneficiado de sua posição como representante da BV Financeira em Canoinhas; ao menos 70 ações correm contra ele
EDINEI WASSOASKI
Canoinhas
Luiz Augusto Sabatke disse em juízo que teria sido ameaçado de morte por uma pessoa que ele diz não ter identificado, o que teria motivado sua fuga da cidade. Essa pessoa teria sido uma das várias que teriam se beneficiado de um suposto esquema envolvendo estelionato e falsificação de documentos, orquestrado por ele.
Sabatke era representante da BV Financeira em Canoinhas. Ele desapareceu da cidade há dois anos depois de, segundo a Polícia, ter lesado dezenas de clientes da BV Financeira em prejuízos ainda não contabilizados. O modo de agir do suspeito seria por meio de financiamentos fraudulentos de veículos, utilizando o nome de terceiros. Ele montaria e encaminharia para a financeira os processos solicitando empréstimos para financiamento de veículo fornecendo dados fictícios, mas usando o nome de pessoas reais. Quando o dinheiro era liberado, ela teria ficado com todo o montante do empréstimo e pagado as primeiras prestações para não despertar suspeitas. As pessoas que tinham seus nomes envolvidos nos financiamentos fraudulentos só ficavam sabendo do golpe, quando as cobranças começavam a chegar até suas casas. Existem 17 inquéritos e ações civis e penais correndo na Justiça com teores parecidos. A expectativa é de que esse número aumente, já que muitos inquéritos ainda estão na Delegacia. Há pelo menos 50 processos em fase de inquérito contra Sabatke.
NÃO HÁ REVELAÇÃO DE NOMES
Segundo o juiz da 1.ª Vara da Comarca, Dr. André Alexandre Happke, em momento algum dos três depoimentos que prestou no Fórum, Sabatke especificou nomes de pessoas que teriam se beneficiado do suposto esquema. No primeiro depoimento, concedido a Happke na sexta-feira, 18, ele dispensou o advogado que vinha acompanhando os processos contra ele e pedido que outro advogado o acompanhasse.
Como disse que não tem condições de pagar, uma defensora do Estado foi designada, mas já deixou o caso, já que esta semana Sabatke apresentou Andrey Watzko como seu advogado.
Na quarta-feira, 23, em novo depoimento ao juiz substituto Dr. Reny Baptista, Sabatke saiu da sala de depoimentos sorridente e acenando para os repórteres que tentavam entrevistá-lo, mas seguindo orientação do advogado, Sabatke, que estava algemado e acompanhado de quatro policiais do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT), não deu nenhuma declaração.
PROPRIETÁRIOS DE REVENDAS TERIAM SE BENEFICIADO
Nos três depoimentos prestados aos juízes Happke e Baptista, Sabatke atribuiu a proprietários de revendas de carros a co-autoria dos supostos golpes, mas não os nomeou. Bastante tranqüilo, afirmou que teme por sua segurança, considerando as ameaças por telefone que teria recebido antes de fugir para o Estado de São Paulo, onde foi preso há duas semanas.
As ações que deram entrada na Justiça e no Procon, nomeiam, inclusive, várias revendas de carros. Em uma das ações sofridas por Sabatke, uma revenda de automóveis figura como vítima. Em trecho do depoimento, o ex-empresário disse que muitas revendas começaram em garagens e hoje estão em grandes lojas, mas não citou quais teriam enriquecido por meio do suposto esquema.
Segundo Happke, Sabatke não teria benefício imediato por denunciar uma ou um grupo de pessoas. O benefício poderia ocorrer somente no julgamento, quando então o juiz poderia considerar primordial para as investigações a colaboração do réu.
SUSPEITO TERIA DESAPARECIDO DA CIDADE
Uma fonte ligada a Polícia disse a reportagem do CN que as duas próximas semanas serão decisivas para o desfecho da investigação. Provas bastante contundentes envolvendo Sabatke e revendedores de carros já estão em poder da Polícia.
Um suspeito, que teria sido a pessoa que mais lucrou com o suposto esquema, teria desaparecido da cidade sem deixar rastro. Outros teriam tomado medidas "preventivas" que os incriminam ainda mais.
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