CN revisita os cenários da tragédia que dividiu uma família e deixou dúvidas para a Justiça

Edinei Wassoaski BELA VISTA DO TOLDO/MAJOR VIEIRA O cenário é tipicamente interiorano. Lavouras enormes, a perder de vista, casas coloniais, ruas estreitas e muito verde. A região que divisa os municípios de Bela Vista do Toldo e Major Vieira ? entre os distritos de Ribeirão Raso (Bela Vista) e Pulador (Major Vieira) ? é tão bucólica quanto as cidades a que pertencem. A tranqüilidade, pelo menos no último ano, só foi quebrada uma vez, no dia 14 de outubro de 2007, quando Hélio Malachovski, conhecido proprietário do CTG Porteira dos Pampas, foi encontrado morto a golpes de banqueta na cabeça, dentro do porta-malas de seu carro, nas proximidades do CTG. O crime teria acontecido três dias antes. As investigações policiais resultaram no indiciamento do filho de Hélio, João Oldair, de 28 anos. Em janeiro deste ano, a Justiça negou o pedido de prisão preventiva do rapaz. Em seu despacho, o juiz Gustavo Henrique Aracheski assinalou que apesar da prova incontestável do crime de homicídio ?e dos seriíssimos indícios de autoria que recaem sobre João Oldair - anteriores ameaças à vítima, não foi ao seu velório, disse não ter saído de casa no dia dos fatos, mas foi visto no trevo de Canoinhas, foram apreendidas na sua casa roupas com manchas aparentemente de sangue ?, não se encontram presentes fundamentos para a prisão?. No mês passado, no entanto, a Justiça aceitou o pedido de prisão provisória de Oldair. Ele foi preso na casa que dividia com a mãe. Seu advogado, Ivan Krauss, ainda não entrou com pedido de liberdade provisória porque as testemunhas arroladas no processo ainda não foram ouvidas. Logo em seguida, Krauss informa que vai entrar com pedido de liberdade. O Ministério Público tenta levar Oldair para júri popular, mas segundo Krauss ?não há indícios suficientes para isso?. ?Não há digitais, o sangue encontrado na roupa dele (Oldair) não é do pai. O único indício é a acusação do irmão?, defende o advogado. FAMÍLIA DIVIDIDA A casa onde Hélio morava com a mulher e o filho Oldair está fechada. Segundo vizinhos, desde a prisão do filho, Lídia Malachovski vem de vez em quando vistoriar a casa. Ela não avisou a ninguém aonde está. Os vizinhos falam com receio sobre o caso. Dos cinco irmãos, três defendem João, os outros se unem a mãe na defesa de Oldair. Essa semana, todos foram ouvidos na Justiça. Na próxima semana, mais 12 testemunhas serão ouvidas. Uma pessoa bem próxima da família, concordou em falar com a reportagem, desde que não fosse identificado. Ele conta que Hélio tentava de todas as formas agradar o filho. ?Ele comprava carro, moto, deu uma égua para ele, mas ele colocou tudo fora?, conta. Para ele, Oldair era uma pessoa calma, mas nutria um ódio inexplicável pelo pai. ?O Hélio vivia se queixando e dizia que tinha certeza que o filho ainda iria matá-lo?. Depois da morte do pai, Oldair se isolou, mas antes, costumava visitar parentes e amigos, ?sempre muito brincalhão?. Uma semana antes de morrer, Hélio viajou com a mulher para São Bento do Sul. Segundo a pessoa próxima da família, Oldair não queria que a mãe fosse viajar e a tratou com violência por conta disso.