Polícia investiga possível rede de prostituição envolvendo menores

Edinei Wassoaski

CANOINHAS

A Polícia prendeu no fim de semana quatro acusados de estuprar menores de idade entre 12 e 16 anos em Canoinhas e Três Barras. O quinto suspeito foi preso ontem. A investigação começou há 15 dias, quando pais reclamaram na Delegacia do desaparecimento de uma das filhas. Ela teria deixado a família para viver na rua. Ao encontrá-la, a Polícia localizou outras três menores, que afirmaram se prostituir para garantir a sobrevivência.

Segundo a promotora de Justiça Chimelly Louise Marcon, algumas das meninas estavam fora de casa há meses, outras há semanas.

Entre os ‘clientes’ indicados pelas meninas estavam os cinco homens detidos. Chimelly não quis revelar a identidade dos detidos para preservar as investigações, mas o CN apurou que se trata de dois taxistas, um pedreiro, um aposentado e um fotógrafo.

Segundo a promotora, os detidos são tratados inicialmente como suspeitos de estupro. Desde agosto deste ano mudança aprovada no Código Penal enquadra o atentado violento ao pudor como estupro. De crimes autônomos, tornaram-se um só.

De qualquer forma, como houve relação sexual, por mais que tenha sido consensual, no caso da menina de 12 anos, o ‘cliente’ pode pegar de oito a 15 anos de prisão. A pena vale inclusive para qualquer ato libidinoso que o acusado possa ter cometido com a menor.

Segundo a promotora, uma das meninas tinha contato diário com um dos acusados, mas isso não significa que ele possa ser qualificado como cafetão (que explora a prostituição). As investigações ainda estão no início. "Os indiciados se aproveitam do fato de elas estarem desprotegidas e da sua vulnerabilidade econômica para explorá-las sexualmente, uma vez que essas meninas se prostituem para garantir o sustento próprio", explica Chimelly. Os preços dos programas, segundo as meninas, variavam entre R$ 30 e R$ 80.

O principal desafio agora para a Justiça é garantir que as meninas sustentem a denúncia. "Tememos que elas sejam pressionadas de alguma forma a retirar a acusação", receia Chimelly. Há possibilidade, inclusive, de novas prisões.

A Polícia não descarta a possibilidade de existir uma rede de favorecimento a prostituição no eixo Canoinhas/Três Barras, mas o que se tem de concreto até o momento são casos sem conexão, mas muito semelhantes.

Chimelly acredita que muitas meninas estão vivendo em situação semelhante na Comarca e faz um apelo a população. "Se virem meninas perambulando pelas ruas de madrugada, liguem para o Conselho Tutelar ou o Comissariado da Infância, uma vez que por trás de uma menina abandonada pode haver potencialmente um explorador", frisou.

As meninas foram liberadas na segunda-feira, 14, e entregues às respectivas famílias.