Delegado diz que não há amparo legal para manter Divisão
Edinei Wassoaski
CANOINHAS
A Divisão de Investigação Criminal de Canoinhas (DICC), composta por policiais civis e militares, não existe mais. Ofício encaminhado no início da semana pelo delegado Rui Orestes Kuschnir ao comandante do 3.º Batalhão de Polícia Militar, coronel Mário Erzinger, explica as razões para o rompimento. A Associação dos Delegados de Polícia de SC (Adepol) pediu que os delegados terminassem com as Divisões, sob risco de responder legalmente, já que não existe Lei que ampare a manutenção dessas divisões mistas. Embora a Adepol não admita, a ação é retaliação ao discurso do comandante da PM, coronel Eliésio Rodrigues, em 17 de setembro durante uma cerimônia do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos da PM. O secretário da Segurança Público, Ronaldo Benedet, estava no local.
Rodrigues criticou o projeto que torna delegado uma carreira jurídica. Um vídeo da declaração se espalhou pela Internet provocando o conflito. “Não tenho nada contra a PM, mas não tinha como sustentar a DICC, não tenho amparo legal”, justifica Kuschnir. O delegado conta que em assembleia no sábado, 3, a Adepol decidiu legalizar várias atividades que a PC vinha tolerando. A primeira determinação é lutar pela reposição salarial – os delegados estão há 11 anos sem reajuste – “O pior salário do Brasil”, afirma. Eles dizem ainda que vão se embasar em Lei para contestar juízes e promotores que determinam que presos temporários permaneçam mais de um dia nas celas da Delegacia. “Delegacia não é cadeia pública”, frisa Kuschnir. Hoje, três menores estão presos na Delegacia a pedido do Ministério Público, aguardando uma vaga em um Centro de Internamento Provisório (CIP). “Ontem a mãe de dois deles reclamou que não tomavam banho. Tivemos de levá-los ao Conselho Tutelar para tomar banho. Foram dois investigadores que tiveram de deixar o trabalho para acompanhar eles”, conta Kuschnir.
OUTRO LADO
O comandante Erzinger lamentou a situação. “Quem perde infelizmente é a sociedade”. Dois policiais militares do P2 (departamento de investigação da PM) que trabalhavam na DICC voltaram para o 3.º BPM. Erzinger afirmou, no entanto, que a PM vai continuar a colaborar com a PC nas investigações. Ele conta que conversou ontem com o comandante geral Eliésio Rodrigues, comunicando a decisão de Kuschnir. Segundo ele, Rodrigues lamentou a medida.
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