Anderson e Arey Priscila Kohler viajavam em direção a Curitiba-PR

A máxima “estar no lugar errado na hora errada” nunca foi tão cruel como com Anderson e Arey Priscila Kohler, pai e filha. O empresário canoinhense de 42 anos e a secretária executiva de 22 anos morreram na manhã de segunda-feira, 9, na BR-116, trecho próximo à divisa entre a ponte sobre o rio Iguaçu e Fazenda Rio Grande, na Grande Curitiba. Eles viajavam justamente para a capital paranaense, onde Priscila pretendia renovar o passaporte para viajar aos Estados Unidos para aperfeiçoar o inglês. Ela estava saindo da empresa Rigesa, de Três Barras, onde trabalhava e pretendia, ao retornar dos EUA, em fevereiro de 2010, ajudar o pai nas papelarias e dar aulas de inglês.

Um caminhão-guincho interrompeu bruscamente o destino dos dois. Vindo no sentido contrário, o caminhão trazia o cavalinho (cabine) de outro caminhão, que se soltou dos cabos de força e foi lançado para cima da Chevrolet Montana que Anderson dirigia. Com o impacto, Priscila foi jogada para fora do veículo e morreu na hora. O volante chegou a afundar o tórax de Anderson, provocando entrada de líquido no pulmão do empresário. Ele foi levado com vida de helicóptero ao Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, a 31km de Curitiba. Ao dar entrada no Hospital, morreu.
Houve ainda uma terceira vítima. O motociclista Alexsandro Hercílio Espíndula, 31 anos, também morreu na hora. O cavalinho só não fez mais vítimas porque caiu em um barranco.
Os corpos de Anderson e a filha foram liberados somente na madrugada do dia seguinte. Houve dificuldade na liberação dos corpos porque toda a documentação, dinheiro e cartões de crédito dos dois desapareceram. A Polícia desconfia de que foram furtados.
Os corpos foram velados em caixões fechados na terça-feira, 10, no plenário da Câmara de Vereadores de Canoinhas e sepultados no fim da tarde no Cemitério Municipal.
A Polícia abriu inquérito para apurar os motivos do acidente.
 
NOTÁVEL
 
Anderson Kohler era conhecido em Canoinhas pelas papelarias Ouro Verde, das quais era proprietário. Simples, sempre sorridente e bastante pragmático, o empresário ganhou visibilidade ao assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico por poucos meses durante o governo Krautler. Sua característica sinceridade não lhe permitiu continuar. A falta de recursos para uma pasta tão importante, sob seu ponto de vista, não se justificava. Mais tarde, assumiu a presidência da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Canoinhas. De espírito empreendedor, planejava uma reforma na matriz da papelaria. Além de Priscila, Anderson tinha outra filha de 3 anos com a contadora Soraia Cristina Bueno Kohler. “O Anderson era uma das pessoas mais decididas, inovadoras, determinadas e corajosas que eu conhecia, não tinha medo de nada e encarava as coisas sempre com muita vontade de fazer acontecer. Perdemos um patrão, um professor, um pai, um irmão um amigo, mas ganhamos um anjo que vai estar conosco todos os dias e sempre que precisarmos”, disse a gerente da papelaria Ouro Verde, Kátia Léa Stein.
 
Priscila, que gostava de ser chamada de Pri, cursava a 6.ª fase do curso de Administração de Empresas na UnC Canoinhas. No site de relacionamentos Orkut, uma de suas comunidades chama atenção. “Como seria minha vida sem mim?” reúne 183.483 pessoas que já pensaram em como as pessoas se comportariam com a sua ausência. “Já teve vontade de assistir a um dia da sua vida sem você?”, é a pergunta que está na página inicial da comunidade.
Alexsandro trabalhava no setor de Tecnologia da Informação da Faculdade Educacional Araucária (Facear) como técnico de informática. Em nota publicada no site da faculdade e assinada pela comunidade Facear, a instituição lamenta o falecimento de “Alex”.