Golpistas simulam seqüestros e premiações para ludibriar suas vítimas
CANOINHAS ? Na semana de Natal, o vereador e empresário Silmar Golanovski passou por momentos de tensão. No dia 19, um telefonema fez o chão se abrir sob seus pés. Do outro lado da linha, uma voz de sotaque carioca o atordoava: ?Seu filho Marcos está seqüestrado?. Um depósito bancário de R$ 30 mil convenceria os supostos seqüestradores a liberar o rapaz de 21 anos que estuda em Curitiba-PR.
?Paga ou vai ter que velar teu filho no Natal?, ameaçava o interlocutor.
?Na hora fiquei sem reação, lembrei que havia visto uma matéria na televisão sobre golpes que simulam seqüestros por telefone, mas quando isso acontece com você, é uma tortura?, diz Silmar.
A sorte, considera o empresário, foi o fato de Marcos estar em casa, que fica anexa ao Empório onde estava Silmar.
Tamanho foi seu alívio quando sua esposa, Tânia, lhe informou que Marcos estava em casa. Ele havia vindo de Curitiba três dias antes para comemorar as festas de fim de ano com a família. ?Se estivesse em Curitiba ele estaria incomunicável, já que seu celular estava estragado?, lembra Silmar.
Mesmo sabendo que Marcos estava em casa, Silmar começou um jogo com o golpista. Pediu para falar com o seqüestrado. O golpista negou, dizendo ser ele que controlava a situação. Quando percebeu que Silmar havia descoberto o golpe, o golpista mudou de tática, e começou a falar que tinha uma fita que comprometia o empresário. Certo do golpe, Silmar começou a brincar com o golpista, que desligou o telefone.
Depois do alívio, Silmar soube que pouco antes de receber o telefonema, sua mãe havia recebido uma ligação supostamente de um policial que dizia ter ocorrido um acidente e que se suspeitava que pessoas de sua família estavam envolvidas. Para isso, o suposto policial sabatinou a avó de Marcos com perguntas sobre a família, para depois desligar o telefone. As perguntas foram cruciais para os golpistas pressionarem Silmar, pouco tempo depois.
20 MINUTOS DE TERROR
A secretária Rita Ortes passou por momentos parecidos no início do mês de dezembro. Um homem ligou para o escritório de advocacia VIP, no qual trabalha, dizendo estarem com sua filha Juliane, de 12 anos.
Desesperada, Rita entrou em pânico. O golpista pedia R$ 1 mil para começar a negociar. Queria que Rita fosse com um celular até o banco e fizesse o depósito. Ele dizia que colocaria Juliane ao telefone enquanto Rita se dirigisse ao banco. Segundo o golpista, Juliane estava em um galpão próximo junto com outras duas crianças.
Por um momento caiu a ligação. Foi a deixa para Rita ligar para o ex-marido e para sua casa, onde ninguém atendia. Seu ex-marido correu até a casa de Rita e encontrou Juliane brincando.
Quando o golpista voltou a ligar para Rita, a Polícia já havia sido acionada. O comissário Levi Rosa Peres tranqüilizou Rita e quis falar com o golpista, que acabou desligando o telefone.
Ao conversar com Juliane, Rita descobriu que pouco tempo antes dela receber a ligação do golpista, um homem dizendo ser da BrasilTelecom havia telefonado para sua casa e sabatinado Juliane sobre o cotidiano da família dizendo ser preciso atualizar um cadastro.
Juliane acabou desligando o telefone, mas o homem não parava de telefonar, obrigando-a desconectar o telefone da tomada.
VOCÊ GANHOU CINCO CELULARES E PODE GANHAR UM CARRO!
?Parabéns, você ganhou cinco aparelhos de telefone celular, e pode ganhar até um automóvel zero quilômetro?. Com esse empolgante argumento um homem identificado como Robson Albuquerque vem aterrorizando pessoas por telefone, nas últimas semanas, em Canoinhas.
O golpe, desmascarado no ar pelo radialista Beto Passos na quarta-feira, 18, consistia em ludibriar o interlocutor com prêmios como carros e computadores. Para ganhar esses prêmios, a pessoa teria que deixar o telefone fora do gancho e correr comprar 10 cartões de recarga de celulares da Tim e 10 da Claro, raspá-los e passar os códigos para os golpistas, para então descobrir que foram vítimas de um golpe.
?GOLPES SÃO MAIS COMUNS DO QUE SE IMAGINA?
Segundo o comissário Levi Rosa Peres, golpes como esses são mais comuns do que se imagina.
Para se precaver contra esse tipo de golpe é preciso sempre manter contato com a família, ter celular sempre ligado e saber onde estão seus familiares, principalmente os filhos e cônjuges. Conforme apareceu na conta telefônica do escritório onde Rita trabalha, as ligações a cobrar partiram do Pernambuco e Rio de Janeiro.
No caso do golpe dos prêmios, basta saber que a BrasilTelecom, empresa que os golpistas usam para se identificar, não sorteia prêmios por telefone, muito menos mantém parceria com as concorrentes Tim e Claro.
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