Agressão teria ocorrido na saída de um baile; rapaz foi parar no hospital
CANOINHAS ? Solange Gurtinski Fernandes ainda tenta entender como o filho de 21 anos chegou a ser internado em estado grave no Hospital Santa Cruz depois de ter sido espancado, segundo ela, por três policiais militares.
Ela conta que na madrugada de domingo, 20, Adoniran Fernandes, filho do ex-deputado falecido em 2004, Neuzildo Borba Fernandes, foi abordado por quatro policiais militares por estar urinando em frente ao Banco Itaú, na rua Vidal Ramos. Ele teria questionado o motivo da abordagem e os policiais teriam espirrado spray de pimenta em seu rosto e no de mais um colega que estava junto com ele. Em revide, Adoniran teria desferido um soco no rosto de um dos policiais e corrido. Os policiais teriam alcançado ele e o colega e teriam levado os dois para a Delegacia de Polícia Civil, onde teriam espancado o jovem até que ele perdesse a consciência. Um policial civil teria avisado o tio do rapaz que foi buscá-lo e internou-o no Hospital Santa Cruz (HSC).
Avisada por amigos do filho, Solange conta que ao chegar na Delegacia encontrou todas as portas fechadas e as paredes manchadas de sangue. ?Neste momento meu irmão me ligou dizendo que meu filho estava no Hospital?, relata.
Ao chegar no HSC, Solange diz ter tomado um susto ao ver o estado de Adoniran, que não conseguia falar por conta dos hematomas no rosto. ?Um coágulo chegou a formar na cabeça dele?, conta Solange.
Os exames constataram uma costela quebrada, várias escoriações por todo o corpo e um traumatismo craniano que teria provocado o coágulo, e que pode deixar seqüelas no rapaz.
Solange classifica de ?tortura? o que os policiais teriam feito. ?Torturaram ele por um bom tempo, ele chegou a desmaiar, e quando acordou voltou a ser torturado?, relata a mãe que diz ter tomado conhecimento de pelo menos outros dois casos de espancamento cometidos por policiais, na própria Delegacia.
DENÚNCIA
Solange denunciou o fato ao comandante do 3.° Batalhão de Polícia Militar (BPM), coronel Luiz Roberto de Carlos, no dia seguinte. Ela conversou ainda com a delegada da Comarca de Canoinhas, Sirlei Gutowski. Ambos foram solidários com ela e prometeram investigar.
Ontem, De Carlos disse ao CN que a guarnição acusada de ter espancado o rapaz foi afastada do serviço de rua e os quatro estão trabalhando internamente no BPM, embora apenas dois tenham sido indiciados por violência e abuso de autoridade. Um processo administrativo foi instaurado para apurar a responsabilidade deles no caso. O policial que teria levado um soco de Adoniran, diz que espirrou spray de pimenta no rosto do rapaz depois de ter levado o soco. O militar apresentou fotos que comprovam que foi agredido naquela madrugada.
Sirlei não foi encontrada pela nossa reportagem para explicar como uma pessoa poderia ter sido espancada por militares dentro da Delegacia Civil. Um comissário que estava de plantão na madrugada onde teria ocorrido o episódio, no entanto, disse a reportagem do CN que ?nada disso aconteceu naquela madrugada na Delegacia?.
Revoltada, Solange cobra uma punição aos policiais. ?Não defendo a atitude do meu filho, mas quero que ele responda a isso na Justiça e não dessa forma, sendo espancado?, protesta Solange lembrando que o filho nunca teve passagem pela Delegacia.
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