Casos foram reabertos depois que supostos policiais civis estiveram em Canoinhas

CANOINHAS ? Matéria publicada no jornal A Notícia de domingo, 28, coloca em xeque duas novas denúncias contra o pedreiro canoinhense Oscar Gonçalves do Rosário, preso desde 12 de março no Presídio Regional de Joinville, acusado de ter estrangulado e violentado a pequena Gabrielli em 3 de março.

Rosário é apontado como suspeito de tentar estuprar uma menina de 11 anos, que estava em uma rua de Canoinhas com a prima. O vigia de empresa próxima teria escutado os gritos da menina e chamou a Polícia Militar. Ele foi detido, mas logo liberado. O segundo crime seria um atentado violento ao pudor, cometido em outubro passado, contra uma adolescente de 16 anos. Os inquéritos estavam na Delegacia de Canoinhas.

O primeiro caso, contra a mais jovem, ocorreu em 2003. A delegada Sirlei Gutoski disse a reportagem que foi registrado boletim de ocorrência, mas não houve investigação. "O MP pediu explicações do motivo de não ter sido aberto inquérito. Foi pela falta de representação", explica. Segundo ela, por se tratar de crime sexual, para abertura do inquérito era necessário que a família da suposta vítima pedisse a investigação, o que não ocorreu. Rosário foi interrogado em Joinville, por meio de carta precatória, pelo delegado Rodolfo Farah, no dia 5 de outubro, mas preferiu se manter em silêncio.

O segundo caso aconteceu no final de 2006. O inquérito não foi aberto porque o processo estava em fase de identificação da autoria. A delegada não quis entrar em detalhes, mas revelou que nas duas situações a forma de agir do suposto criminoso foi semelhante.

 

 

HISTÓRIA MAL CONTADA

Uma mulher, mãe de duas crianças, disse ao jornal A Notícia que presenciou o suposto crime de 2003. A operária, que trabalhava no turno da noite, saía de casa por volta das 20h20. Num dia ? não lembra a data ? viu jovens, entre eles Oscar, na esquina, bebendo. Pouco depois, ouviu gritos. "Escutei os gritos e vi que tinha gente correndo, me assustei e também corri", conta. Perto de um poste iluminado, viu uma moça. Ao questionar sobre a gritaria, a jovem riu, dizendo que tentaram "agarrar" a prima. A moça, segundo a testemunha, havia tirado a bebida do rapaz e dito que ele "não era homem de ir buscar". No corre-corre, ela tropeçou, caiu e machucou o joelho sem gravidade. O vigia da empresa para onde seguia a testemunha chamou a polícia. Os policiais prenderam Oscar. "Só pegaram o Oscar, mas ele não estava sozinho", contou a mulher. "Se precisar depor, eu vou", afirma.

Dias depois, a mulher encontrou a mãe da suposta jovem agredida. A mãe havia se recusado a dar seqüência na denúncia alegando que "já não tinha mais controle sobre a filha e não iria perder tempo".

A outra suposta vítima, segundo vizinhos, era uma namoradinha esporádica de Rosário. Segundos amigos, ele nunca teve namorada fixa.

Os casos foram reabertos depois que dois homens, supostamente policiais, estiveram no bairro onde Oscar morava, investigando sua vida.

Com a reabertura do caso, o MP deve ouvir as testemunhas apresentadas na reportagem, inclusive as denunciantes.

 

 

Polícia investiga dois suspeitos por coação

A polícia investiga como suspeita de coação a denúncia de que dois homens estiveram em Canoinhas, numa noite de sábado, no início de outubro, à procura da suposta vítima de tentativa de estupro praticada por Oscar. Dias depois da audiência que ele respondeu por precatório em Joinville, a garota registrou BO na delegacia dizendo que dois homens, num Gol branco, estiveram na casa dela fazendo perguntas.

Com receio, ela comunicou à polícia, que apurou que o carro foi alugado em uma locadora de veículos de Joinville. Segundo a delegada Sirlei disse ao jornal A Notícia, assim que identificar os homens, ela vai convocá-los para depoimento e o caso será levado ao MP, que vai decidir se houve ou não tentativa de coação. "Elas (as supostas vítimas) se sentiram acuadas e estamos investigando", disse Sirlei.