Em jogo que correu risco de não acontecer, Jannik Sinner aproveitou o abatimento de Novak Djokovic nesta sexta-feira para vencer a segunda semifinal de Wimbledon e confirmar nova final de Grand Slam com o espanhol Carlos Alcaraz. O número 1 do mundo superou o sérvio por 3 sets a 0, com parciais de 6/3, 6/3 e 6/4, em pouco menos de duas horas.
A final está marcada para domingo, pouco mais de um mês após a grande decisão de Roland Garros, quando Alcaraz buscou virada épica numa das maiores partidas do torneio francês. Italiano e espanhol vão se tornar a quinta dupla de tenistas na história a disputar as duas decisões seguidas no mesmo ano. Na Era Aberta (iniciada em 1968), serão apenas a segunda dupla a obter tal feito, igualando o suíço Roger Federer e o espanhol Rafael Nadal, que alcançaram tal feito em 2006, 2007 e 2008.
A derrota marca não apenas a despedida de Djokovic de Wimbledon. O sérvio afirmou diversas vezes nas últimas semanas que o torneio britânico era sua maior oportunidade para chegar ao sonhado 25º título de Grand Slam, que seria o recorde absoluto entre homens e mulheres.
Sinner e Djokovic fizeram um jogo atípico, cercado de expectativas em razão de problemas físicos de ambas as partes. Os dois tenistas precisaram cancelar treinos nesta semana devido a dores e problemas pontuais. O italiano vem tratando seu cotovelo direito, enquanto o sérvio sofreu um escorregão ao fim da partida anterior, no match point, e apontou dores na perna direita.
Houve até suspense no All England Club ao longo do dia sobre se esta partida seria disputada ou não. A preocupação maior residia sobre a condição física de Djokovic. E foi justamente o sérvio que aparentou limitações ao longo desta segunda semifinal do dia. O ex-número 1 do mundo esteve irreconhecível no primeiro set, longe de apresentar as conhecidas performances de esforço físico e atitude positiva em quadra.
Do outro lado, Sinner parecia bem recuperado do susto que levou nas oitavas de final, quando esteve perto de levar 3 a 0 do búlgaro Grigor Dimitrov, que abandonou por problema físico após abrir 2 a 0 no placar. Nas quartas, o italiano atropelou o americano Ben Shelton sem dar sinais de questões físicas.
Neste cenário, Sinner aproveitou as condições favoráveis e se impôs com facilidade no primeiro set. Djokovic sequer ameaçou o saque do adversário e cometeu diversos erros de devolução, algo raro em sua carreira. A segunda parcial contou com o mesmo roteiro e ligeira reação do sérvio, que acertou 11 bolas vencedoras, contra 15 do favorito.
Antes do início do terceiro set, o ex-número 1 do mundo recebeu atendimento médico em quadra e não escondeu as dores na região do quadril e perna esquerda. Na retomada da partida, ele apostou num estilo mais agressivo para encurtar os pontos e acelerar o confronto.
Assim, chegou ao seu primeiro break point e à primeira quebra de saque na partida. Sinner, no entanto, não se abalou e devolveu a quebra. Na sequência, voltou a se impor no saque do veterano de 38 anos. Sem hesitar, confirmou o favoritismo e fechou a partida após 1h55min.
ALCARAZ PERDE SET, MAS GARANTE PRESENÇA NA 3ª FINAL CONSECUTIVA
Alcaraz vai buscar no domingo seu terceiro título consecutivo em Wimbledon. O tenista número dois do mundo assegurou a vaga na grande final ao superar o americano Taylor Fritz por 3 sets a 1, com parciais de 6/4, 5/7, 6/3 e 7/6 (8/6).
Alcaraz avançou à final ao conter o forte saque de Fritz (19 aces), um dos candidatos ao título. O número cinco do mundo vinha de dois títulos na grama e sólidas performances em sua trajetória em Wimbledon. O espanhol, no entanto, foi mais consistente ao longo da partida e soberano nos pontos decisivos, principalmente no tie-break do quarto set.
Atual bicampeão, ele vai disputar sua sexta final de Grand Slam na carreira. Até agora, seu aproveitamento em finais deste nível é de 100%, com cinco títulos em cinco decisões.
A vaga em sua segunda final consecutiva de Grand Slam confirma o grande momento vivido por Alcaraz. Ele soma 24 vitórias consecutivas no ano. No total, são 48 triunfos e apenas cinco derrotas em 2025, incluindo cinco troféus. Em Wimbledon, já acumula 20 vitórias consecutivas.
Com 22 anos e 69 dias, o espanhol se tornou o quarto tenista da Era Aberta, iniciada em 1968, a alcançar três finais de Wimbledon com 22 anos ou menos. Está atrás apenas do alemão Boris Becker (dono de cinco finais com esta idade), do compatriota Rafael Nadal e de Bjorn Borg (ambos com três) - o sueco, por coincidência, acompanhou a vitória de Alcaraz das tribunas da Quadra Central, nesta sexta.
A primeira semifinal masculina deste ano começou com Alcaraz impondo seu favoritismo sem rodeios. O bicampeão quebrou logo o primeiro saque do americano, abriu 2/0 e indicou que a partida poderia ser um "passeio". Fritz não conseguiu sequer ameaçar o serviço do espanhol ao longo do primeiro set.
O cenário, contudo, mudou após Alcaraz fechar a parcial inicial. A segunda foi marcada pelo equilíbrio. O americano mostrava o poder do seu saque, tão reconhecido nas partidas anteriores em Wimbledon. Passou a disparar aces e registrou 93% de eficiência com seu primeiro serviço.
Neste ritmo, aproveitou chance incrível concedida por Alcaraz no 12º game. Fritz abriu 0/40, converteu seu primeiro break point na partida e fechou o set, empatando o confronto.
Alcaraz não desanimou após os erros em série e começou a terceira parcial com quebra de saque. Impondo forte ritmo, o espanhol obteve nova quebra e encaminhou o set com certa facilidade. Fritz, abatido, não ameaçou o serviço do adversário em nenhum momento da parcial.
O quarto set retomou o duelo parelho. Alcaraz tentava ameaçar os games de saque do americano, que respondia com aces. O ritmo se manteve assim, sem quebras, até um imprevisível tie-break. O favorito abriu 4/1, mas levou a virada para 6/4. Fritz, então, desperdiçou dois sets points e permitiu a reviravolta no marcador. Alcaraz aproveitou seu primeiro match point e confirmou o triunfo em 2h49min.
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